A formação dos primeiros mestres do RN com surdez profunda pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), foi destaque no portal do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Na íntegra, a matéria que também pode ser acessada no link: http://www.ines.gov.br/.
Ainda são grandes os obstáculos e desafios a serem superados no que se refere à garantia de direitos e acessibilidade de pessoas surdas, especialmente quando o assunto é educação e capacitação para o mercado de trabalho. Mas, apesar das dificuldades, os surdos brasileiros têm se destacado recentemente no meio acadêmico, mostrando que as universidades estão cada vez mais acessíveis, deixando de ser um sonho distante para se tornar realidade na vida de quem não ouve.
Ademar Miler Júnior foi primeiro surdo a se formar no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a defender uma dissertação de mestrado na instituição. Atualmente, ele exerce a função de professor substituto no curso de Letras-Libras. Durante o mestrado, Ademar ainda fez um estágio na universidade norte-americana Gallaudet, voltada só para surdos. A meta, agora, é fazer doutorado. Saiba mais sobre a história de Ademar aqui.
Assim como ele, Michelle Andréa Murta também resolveu se aprofundar na vida acadêmica. Formada em Letras-Libras, em 2012 ela ficou em 7º lugar na prova de mestrado da PUC Minas e foi a primeira surda no Estado de Minas Gerais a concluir o curso. A defesa, no início de junho, foi feita em língua de sinais e teve a presença de intérpretes. Agora ela é professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Longe dos centros urbanos, a cidade de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, formou não apenas um, mas dois mestres com surdez profunda: Francisco de Acaci Viana e Vanessa Carvalho. Ambos defenderam suas dissertações no último dia 10 de junho, pelo programa de pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e também foram os primeiros surdos do estado a obter o título.
A pesquisa de Acaci teve como tema as práticas de formação e inclusão de alunas surdas em uma escola municipal, enquanto a de Vanessa focou nas ações do Centro Estadual de Capacitação de Educadores e de Atendimento ao Surdo (CAS) local junto às escolas públicas de Mossoró. Em seu trabalho, Vanessa explica a importância do serviço dos CAS e também relata as dificuldades que enfrentou como surda. “Na minha infância estudei em escolas particulares, mas não me sentia como parte da sala. Os professores não conheciam a língua de sinais. Eu ensinei aos meus colegas e eles agiam como intérpretes”, afirmou.
A professora Ana Lúcia Oliveira Aguiar, orientadora de Acaci e ouvinte, ressaltou que em todo o processo de construção do trabalho foi respeitada a primeira língua do surdo, a Libras. “O que estamos vivenciando aqui é um ato de fortalecimento da inclusão e da democracia brasileira, favorecendo o acesso à educação a todas as pessoas”, concluiu a professora Lia Matos, que participou da banca examinadora.
