Espalhadas pelo Brasil, as universidades públicas têm sido motores vitais de transformação social, desenvolvimento humano e econômico, e geração de oportunidades. No interior dos estados, as universidades estaduais e municipais ampliam o impacto social do ensino superior na vida das pessoas, promovendo a educação e cidadania também em pequenas e médias cidades, por meio de uma atuação multicampi e capilarizada. Muitas delas foram as primeiras a levar cursos de ensino superior gratuito a cidades interioranas de seus estados, como é o caso da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern, nascida em Mossoró, onde está localizada sua sede, e presente hoje em mais cinco municípios potiguares (Assú, Patu, Caicó, Pau dos Ferros e Natal).
Com forte atuação na tríade ensino, pesquisa e extensão – no país onde mais de 95% da produção científica vem das universidades públicas – envolver-se de forma mais efetiva e pujante com a sociedade, contribuindo com o desenvolvimento de soluções para seus problemas e desafios tem sido uma missão permanente das instituições nos últimos anos. O período da pandemia da Covid-19 mostrou bem isso. Em um dos momentos de saúde pública mais críticos da humanidade, vieram das instituições de ensino e pesquisa muitas das descobertas científicas que permitiram uma reação mais rápida contra o vírus causador da doença, assim como ações de extensão universitária que tornaram-se fundamentais na prestação de serviços e atendimento à comunidade.
É nessa perspectiva que se torna necessária a construção diária de uma universidade socialmente referenciada, integrada de maneira forte à sociedade, com maior participação popular em suas decisões e projetos. Pública e referenciada pelo povo, a universidade se fortalece em sua missão. Com suas ações de extensão, por exemplo, ela é, muitas vezes, o único braço positivo do estado que chega às pontas, nas periferias das cidades. Mas é muito bom quando ela não chega sozinha.
A consolidação de parcerias entre a universidade e segmentos da sociedade civil organizada tem sido um caminho interessante para a potencialização e capilaridade do seu trabalho, tornando possível, inclusive, a superação de limitações geográficas. Neste sentido, no último dia 13 de abril, assinamos termo de cooperação com a Fundação Demócrito Rocha para, pelos próximos cinco anos, atuarmos em conjunto na execução de atividades diversas nos campos da educação, cultura, jornalismo e cidadania, atendendo às populações do Rio Grande do Norte, Ceará e de todo o Brasil, em alguns casos. Entendemos, e acreditamos, que a disposição e interesse de entidades fortes, como são a Uern e a Fundação Demócrito Rocha, em lutar pela transformação social faz toda a diferença, gerando resultados expressivos para a sociedade.
A universidade pública brasileira é um patrimônio vivo deste País e por ela precisamos estar atentos e juntos na defesa da sua autonomia plena e dos investimentos necessários para sua manutenção. O sonho de um Brasil mais justo, igualitário e forte passa, inevitavelmente, pelo fortalecimento da universidade pública, nas esferas municipal, estadual e federal, garantindo às pessoas a continuidade do acesso a um ensino público, gratuito e de qualidade. A luta por uma universidade socialmente referenciada é permanente e este desafio é de todos nós.
Cicília Maia
Reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
* Artigo de opinião publicado no Jornal O Povo, em 20 de maio de 2022.