A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) sedia o X Colóquio sobre Questões Étnicas no Nordeste Brasileiro, e realizou, na noite de quarta-feira, 16, a abertura do evento no auditório Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Fafic).
Com a programação até 20 de novembro, o colóquio tem como tema “10 Anos das Cotas Raciais no Brasil”.
Para tratar do assunto, o colóquio trouxe o professor doutor Ilzver de Matos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em sua fala, ele indiciou a necessidade de a sociedade brasileira promover uma ampla reparação histórica e dissertou ainda sobre a necessidade de adoção de políticas públicas.
“As pessoas brancas têm um papel no debate racial e no enfrentamento ao racismo de forma autônoma. Na verdade, é um compromisso que elas têm, porque o Brasil nunca refletiu de forma séria sobre reparação histórica. De outro modo, o País sempre distribuiu benefícios para a população não negra”, explicou.
Para ele, o debate racial foi, em alguma medida, “colocado para debaixo do tapete”. O Congresso Nacional chegou a debater uma reparação financeira para ex-escravizados, mas o projeto não seguiu em frente, diante do elevado valor, explicou. “Foi aí que se optou pelas políticas públicas”.
Na abertura, a reitora Cicília Maia cumprimentou, em nome da professora Ivonete Soares, referência em sua luta na implementação de ações e políticas de inclusão na Universidade, todas as pessoas que contribuíram com esse debate no âmbito da Uern.
“Há 20 anos, a nossa universidade já era vanguardista, ao instituímos a política de cota social quando o sistema federal ainda não estava falando sobre isso. A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte já estava dando seu ponta pé inicial, dizendo ao Brasil e ao mundo que era, sim, importante trazer essa pauta para nossa sociedade”, registrou.
A reitora reforçou que a Uern é uma instituição “inclusiva e includente”, com grande potencial transformador no interior do estado.
O evento, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Uern, busca proporcionar reflexões sobre nossa sociedade, marcada atualmente por desmandos e incertezas, sobretudo na educação e nas questões referentes à diversidade étnico-racial.
Trata-se ainda de uma importante ação inclusiva da Universidade ligada à recém-criada Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade, que tem à frente a professora Dra. Eliane Anselmo, que também coordena o Neabi.
Estão na programação mostra audiovisual, conferência, minicurso, grupos de trabalho, oficina, o 4º Fórum de Terreiros das Religiões Afro-Ameríndias de Mossoró e a tradicional Louvação ao Baobá.
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