Pelo segundo ano seguido, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) realizará o evento Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver, em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina Americana e Caribenha. Celebrado em 25 de julho, de abrangência nacional, a data traz temas importantes e necessários relacionados à superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a pauta e agenda política das mulheres em evidência.
O evento é conduzido pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DIAAD) em parceria com outros setores da Uern e instituições locais.
A abertura oficial será nesta terça-feira, 25, com a mesa redonda “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”, a partir das 19h, no auditório da Faculdade de Serviço Social (Fasso), no Campus Mossoró.
Na quarta-feira, 26, será realizada uma atividade na Escola Estadual Professor José de Freitas Nobre, no bairro Costa e Silva, em Mossoró, entre 15 e 17h. No mesmo dia, o “Colóquio de Pesquisas e Experiências das Mulheres Negras da Uern” reunirá participantes no auditório da Fasso, a partir das 19h.
No canal da Uern Oficial no YouTube, acontecerá a mesa redonda “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”, às 16h da quinta-feira, 27.
Encerrando a programação, o auditório do Campus Mossoró do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) sedia, na sexta-feira, às 8h50 e às 14h50, a mesa redonda “Produção do Conhecimento das Mulheres Negras”.
Para a responsável pelo eixo de Relações e Identidade de Gênero, Direitos das Mulheres e da Comunidade LGBTQIA+ da DIAAD, professora Suamy Soares, o Julho das Pretas “é uma ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva com organizações e movimentos de mulheres negras do Brasil, voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade”.
Na visão da professora Gabriela Soares, do curso de Serviço Social e integrante do Núcleo de Estudos Sobre a Mulher Simone Beauvoir (NEM) da Uern, o Julho das Pretas é um momento protagonizado pelas mulheres negras e direcionado à visibilidade das mulheres, trazendo pra ordem do dia a necessidade de se combater o racismo e o sexismo como estruturas violentas que nos colocam nos piores lugares dentro da sociedade.
“É um chamamento à organização das mulheres negras contra a exploração do seu corpo, do trabalho, contra a desumanização. Pras nós, mulheres negras, é o hora de dizer que vivemos, que resistimos e nos encontramos umas nas outras cotidianamente. Além disso, mostra a nível nacional que o feminismo negro tem dado largos passos no Brasil, na America Latina e em todos os cantos.
Fazendo um resgate histórico, Suamy Soares destaca que a Uern mudou muito nos últimos anos em virtude das cotas raciais e sociais, colocando a questão do racismo estrutural como elemento importante para se pensar o Brasil, de forma que o combate ao racismo e a construção de uma cultura antirracista deve ser preocupação central das universidades e também parte de sua função social.
“No âmbito da Uern, as cotas raciais foram instituídas com protagonismo das mulheres negras e temos a criação da Diaad como conquista para pensar políticas de prevenção e combate ao racismo e as desigualdades entre as mulheres”, destaca.
A partir do censo universitário, a ser realizado em breve, será possível obter um panorama sobre os(as) estudantes da Uern, detalhando gênero, idade, renda, raças etc.
“Por agora, sabemos que as cotas possibilitaram maior entrada das mulheres negras no espaço acadêmico e que esse espaço historicamente foi pouco ocupado por esse segmento, que em geral está na base da pirâmide social e ocupa os piores postos de trabalho, com mais baixas remuneração e sofrendo mais violações”, acrescenta Suamy Soares.
Fazem parte da parceria na realização do evento o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena (Neabi) da Uern, o Neabi do IFRN, o Nem da Uern, o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), o Fórum das Comunidades Tradicionais de Terreiros de Matriz Afro-Ameríndia de Mossoró, o Coletivo Motim Feminista e coletivos de mulheres.