Começa na próxima sexta-feira (26), às 14h30, na Uern Natal, a 2ª edição do projeto “Maria Bonita nas Ciências”, que tem como objetivo incentivar alunas de ensino médio de escolas públicas a seguirem carreiras profissionais em áreas nas quais mulheres ainda enfrentam muitos preconceitos e obstáculos para conquistar espaços e igualdade de condições e remunerações com profissionais do sexo oposto.
O “Maria Bonita nas Ciências” quer incentivar o ingresso dessas jovens em cursos de graduação como Ciências da Computação e Ciências & Tecnologia, oferecidos no Campus de Natal da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Para convidar essas meninas a participar, a idealizadora e coordenadora do projeto, Profa. Dra. Gláucia Melissa Medeiros Campos, está visitando escolas públicas de ensino médio na zona Norte da capital.
O projeto da Uern Natal é inspirado em outras iniciativas incentivadas pela Sociedade Brasileira de Computação, visto que a realidade de baixíssimos índices de mulheres nos cursos de Ciências da Computação da Uern é a mesma vista pelo Brasil e mundo afora. A primeira edição do “Maria Bonita nas Ciências” foi em 2019, exclusivamente para meninas a partir dos 14 anos, que são o público primordial a ser incentivado. No entanto, a professora Glaucia conta que, neste ano, o projeto será aberto também para meninos na mesma faixa etária, com o objetivo de educá-los a conviver, respeitar e incentivar as colegas nas carreiras das ciências, visto que as maiores dificuldades das mulheres nesses espaços estão diretamente relacionadas às desigualdades de gênero.
“A associação entre tecnologia e masculinidade distancia as meninas da informática desde cedo, quando lhes são oferecidas bonecas e casinhas, e aos meninos carros de controle remoto e videogames. As mulheres sofrem preconceitos ao fazer escolhas ou mostrar habilidades relacionadas ao universo masculino, tendo a sexualidade questionada. A sociedade insiste em definir conceitos de mulher ou homem de acordo com o desenvolvimento de competências. De acordo com essa percepção, a mulher tem uma habilidade mais natural para atividades que exigem afeto, mas não racionalidade. Muitas mulheres desistem da graduação por serem as únicas dentro da turma. As conversas e o machismo típico da sociedade as bombardeiam diariamente, com mensagens que atacam a autoestima. Dentro das empresas, elas sofrem com salários mais baixos, mesmo exercendo atividades semelhantes as dos colegas. Sem falar dos relatos de assédio sexual”, elenca a professora, egressa da primeira turma de Ciências da Computação da Uern e docente do mesmo curso há 16 anos, no Campus de Natal.
Gláucia Campos já visitou três escolas e visitará outras três na zona Norte, onde fica o Campus da Uern em Natal, para convidar estudantes a participar da programação de minicursos, palestras, oficinas, sessões cinematográficas temáticas e debates, em encontros semanais de agosto a outubro, no Complexo Cultural da Uern, sempre às sextas-feiras, às 14h30. As atividades teóricas visam discutir ideias e questões sociais, enquanto as práticas vão apresentar e ensinar aos jovens a manusear algumas ferramentas da informática. Na programação, ainda sem data definida, também haverá um bate-papo com a reitora da Uern, Profa. Dra. Cicília Maia, egressa da 2ª turma de Ciências da Computação da Universidade.
Estudantes de escolas públicas das zonas Leste, Oeste e Sul de Natal também podem participar, obtendo informações pelo perfil do projeto no Instagram: @maria.bonita.nas.ciencias