O acesso das mulheres às Universidades, na recente história brasileira, é um importante marco das mudanças sociais e tem contribuído significativamente na luta pela igualdade de gênero. Hoje, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), as mulheres são maioria dos formados entre os jovens brasileiros, além de estarem cada vez mais ocupando espaços em cursos tradicionalmente dominados pelos homens.
Ciente da importância da academia na formação crítica e na construção de uma sociedade cada vez mais igualitária, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) tem contribuído para o protagonismo feminino e a equidade de gênero nos cargos de poder dentro e fora da instituição. A atual reitora, Cicília Raquel Maia, é exemplo do papel que a Universidade exerce na luta feminina por mais espaços de destaque na sociedade.
Egressa do curso de Ciência da Computação, um curso tradicionalmente formado em sua maioria por homens, ela conseguiu se destacar na área da pesquisa, com pós-doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos principais centros de estudo e pesquisa em ciências, engenharia e tecnologia do mundo. Em menos de seis meses de gestão, Cicília Maia demonstra toda a força da mulher em cargos de liderança, trabalhando lado a lado com a comunidade acadêmica na luta por melhorias e conquistas históricas.
E por falar em conquista histórica para a Uern, não se pode esquecer da tão sonhada autonomia financeira da Universidade. O feito que representa o sonho e a luta de gerações contou com a participação de vários segmentos da Universidade e traz em sua construção história o protagonismo feminino em diferentes épocas.
A professora aposentada Ivonete Soares é uma das mulheres que participaram ativamente da luta pela autonomia financeira da Instituição, desde a década de 1980. “A autonomia financeira para a nossa Universidade é um marco de uma nova fase na afirmação e consolidação da Universidade como patrimônio do povo do Rio Grande do Norte. É a conquista de uma luta muito marcante de todos que fazem a Uern”, declara.
Mulher, pesquisadora, participante de movimentos sociais e de educação de base, desde a época da graduação, Ivonete Soares sempre esteve envolvida em pautas voltadas para o crescimento da Universidade e o seu fortalecimento como uma instituição cada vez mais democrática, inclusiva e preocupada com o bem-estar social.
A sua atuação, porexemplo, foi de suma importância no processo de implantação das cotas étnicos-raciais na Uern. Hoje, aposentada, continua militando a favor da Universidade, como professora voluntária do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Direitos Sociais.
“A sensação de ver os sonhos de toda uma geração sendo materializados é muito gratificante. Sou uma professora feliz porque tive a oportunidade de dar um pouco de contribuição para o que a Uern é hoje. As conquistas representam toda uma trajetória pessoal e coletiva que se iniciou em 1980. Hoje vemos que as lutas valeram a pena e que trouxeram para as gerações atuais grandes benefícios. Que essa e as gerações futuras possam continuar lurando na defesa de uma universidade pública, democrática e cada vez mais inclusiva”, declara a professora.
O protagonismo feminino incentivado pela Universidade também se manifesta dentro dos laboratórios de pesquisas, com importantes contribuições científicas para a sociedade. Para se ter uma ideia, a primeira patente conquistada pela Universidade é fruto de uma pesquisa liderada por uma mulher.
A professora Anne Gabriele, autora da invenção patenteada, lembra que o gosto pela pesquisa surgiu na graduação, com o contato com estudos na área de biocombustíveis e do ensino de química. “Meu desejo é ser pesquisadora, a invenção é algo que aconteceu. É bastante gratificante ser autora da primeira patente conquistada pela Universidade”, comenta.
Universidade prevê equidade de gênero nos cargos da gestão superior
O Conselho Diretor (CD) da Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Fuern) aprovou a proposta de resolução que regulamenta a disponibilização de vagas na gestão superior da Uern para servidoras mulheres.
Ao tomar posse como nova reitora, a professora Dra. Cicília Raquel Maia Leite montou a equipe de auxiliares formada com no mínimo 50% dos cargos de alto escalão sendo ocupados por mulheres. Das sete pró-reitorias titulares, cinco são ocupadas por professoras.
“As mulheres podem e devem liderar. Um dos compromissos da nossa gestão é a equidade de gênero nos cargos da equipe. Temos mulheres incríveis ocupando cargos de pró-reitoras, diretoras e assessoras. Estamos e merecemos estar no topo, pois somos capazes, inteligentes e fortes”, declara a reitora Cicília Maia.
Texto: Adriana Morais