A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) promoveu nesta terça-feira, 19, dois eventos marcantes em comemoração ao Mês da Consciência Negra, no Centro de Convivência do Campus Mossoró. A programação trouxe à tona reflexões profundas sobre representatividade, memória histórica e inclusão racial.
Às 19h, foi realizado o lançamento do projeto “Procurando Rafael”, uma parceria entre o Departamento de História da Uern e a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Fafic), com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). Coordenado pela professora Aryana Costa e pela servidora técnica Giovana Coelho, o projeto resgata memórias de figuras negras associadas ao contexto histórico de Mossoró, especialmente em torno das celebrações de 30 de setembro, antes da assinatura da Lei Áurea. A iniciativa visa dar visibilidade às contribuições da comunidade negra, questionando silenciamentos históricos e destacando lutas por justiça social.
Durante o evento, a reitora da Uern, Cicilia Maia, destacou: “Aqui entendemos o significado de ser universidade e ser pluralidade. Não cabe na Uern conjugar verbos no singular. Esse é um espaço de inclusão. Hoje essas pessoas libertas têm cara, têm nome e têm sobrenome”.
O professor aposentado Emanuel Brás, cujas pesquisas foram fundamentais para o projeto, emocionou o público. “Se houver reencarnação, eu quero ser professor de novo.” Para o professor Marcílio Falcão, diretor da Fafic, “esse momento representa um trabalho de inclusão que se materializa e tem sentido”, declarou.
Em seguida, às 19h30, foi a vez do Grupo Zamberacatu, de Natal, apresentar-se. O grupo, pioneiro no estado do Rio Grande do Norte, trouxe uma mostra do resultado das oficinas realizadas no “Mercado Negro”, uma feira de artesanato e arte negra. Gabi Varela, integrante do grupo, reforçou a importância de valorizar o povo negro o ano inteiro: “É importante lembrar do povo negro em todas as datas, não apenas em novembro”. Já Yago Caetano completou que “o dia do negro é 20 de novembro, mas a luta por reconhecimento e valorização é constante”.
Os 10 banners do projeto “Procurando Rafael”, que foram expostos durante a programação, seguem para a reitoria da Uern na quinta-feira e, na semana seguinte, estarão disponíveis para visitação na Câmara Municipal de Mossoró. As artes, produzidas por Giovana Coelho, são uma homenagem ao Mês da Consciência Negra e uma tentativa de construir um presente e um futuro antirracistas.
Com uma plateia emocionada e participativa, o evento reafirmou o compromisso da Uern em promover a diversidade e lutar pela equidade racial, transformando vidas por meio da educação e da inclusão. Como bem colocou Giovana Coelho: “O simples fato de estar demarcando isso é importante para construir um presente e um futuro antirracista.”
A programação do Mês da Consciência Negra segue até dezembro, trazendo debates, apresentações culturais e exposições que celebram a cultura e as lutas do povo negro.