A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern figura entre as 50 instituições com mais pedidos de patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI no ano de 2019. Os dados divulgados no final de setembro pelo órgão federal apontam a Instituição potiguar na 38ª posição.
Como titular, sem contar as parcerias, atualmente, a Universidade possui 21 pedidos de patentes de invenção em análise, 23 registros de programas de computador já concluídos e um pedido de registro de marca em análise no INPI. Além desses, há mais três pedidos de patentes, sendo duas de invenção e uma de modelo de utilidade, que serão depositadas no Instituto em breve.
Bioutensílios fabricados a partir do bagaço do pseudofruto do caju, dispositivo de detecção da pressão exercida em pedais de acionamento de veículos e sistema de alerta contra sobrecargas, produção de vidros usando rejeito de scheelita e escala para avaliação de lesão do nervo facial são alguns dos vários projetos uernianos em fase de avaliação.
Nos últimos 10 anos, o crescimento de pedidos foi de 4800%, passando de apenas uma solicitação de registro de propriedade intelectual em 2009 para os atuais 48 pedidos, seja patente ou registro de programas de computador.
“Os últimos cinco anos foram decisivos nesse resultado, já que tivemos 33 processos iniciados no Departamento de Inovação e Empreendedorismo”, ressaltou Frank Felisardo, chefe do setor que é vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – Progep.
O Departamento foi criado em 2014 e é responsável por incentivar, apoiar, fomentar e desenvolver ações ligadas à inovação, ao empreendedorismo e à proteção da propriedade intelectual no âmbito da Instituição, bem como buscar e incentivar parcerias externas que possam potencializar a captação de novos recursos e a aplicação dos conhecimentos e competências desenvolvidos junto à comunidade acadêmica.
O DIE engloba o Núcleo de Inovação Tecnológica – NIT e os setores de Propriedade Intelectual e Inovação, de Projetos e Parcerias e o de Empreendedorismo.
“Desde então trabalhamos na disseminação da inovação na Uern através da propagação da importância da proteção da propriedade intelectual tanto para a instituição quanto para os pesquisadores, sejam eles docentes, discentes ou técnicos, através de eventos e conversas esclarecedoras sobre o tema. Estamos, aos poucos, inserindo a inovação na cultura da Uern”, acrescentou Priscilla Felipe, chefe do setor de Propriedade Intelectual.
Ter uma patente ou desenvolver um processo de registro de propriedade intelectual significa que a Uern evoluiu no processo de construção de conhecimento e na busca de soluções para problemas do cotidiano.
“A partir do momento que a Instituição leva uma ideia defendida em uma tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso ou projeto de pesquisa/extensão ao patamar de uma propriedade intelectual, ela sinaliza que além das discussões intelectuais, se preocupa com a possibilidade de trazer melhorias e soluções aos problemas da humanidade, criar novos produtos, novos processos, novos negócios, novos métodos, ou seja, utilizar o potencial criativo e intelectual em prol do desenvolvimento social e econômico. Para isso é fundamental o aumento e o desenvolvimento de parcerias entre academia e mercado e acima de tudo trabalhar o tema da inovação em todos os cenários da Universidade”, defende Felisardo.
Autor de cinco pedidos, o professor Dr. Carlos Henrique Catunda Pinto, do Departamento de Química da Uern, já obteve uma patente em 2008 pela criação de um dispositivo separador óleo-água. A patente do modelo de utilidade está em domínio público atualmente.
“A unidade separadora de água e óleo faz com que a separação se dê por gravidade e diferença de densidade entre os dois componentes através de placas coaslescentes e filtro para absorção do óleo presente na água”, explicou o docente, acrescentando que o dispositivo mereceu a patente por ser o primeiro nesse modelo e ter importância significativa no tratamento dos efluentes oleosos.
O Separador Óleo-Água pode ser usado em postos de combustíveis, refinarias de petróleo, petroquímicas, oficinas mecânicas, terminais marítimos e rodoviários, entre outros.
Felisardo entende como de extrema importância a iniciativa da Uern de buscar esse tipo de reconhecimento “visto que a produção intelectual desenvolvida em todos os seus programas são devidamente registradas e reconhecidas, mostrando o potencial intelectual e empreendedor fomentado em todos os ambientes acadêmicos”.
Para o chefe do DIE, pode-se afirmar que a Uern, detentora dos direitos intelectuais, “cresce frente ao cenário inovador e demonstra seu poder de criação e desenvolvimento de produtos, serviços e negócios, trazendo resolução de problemas, inovação, empreendedorismo e ainda mais da possibilidade de exploração comercial e captação de recursos em função da exploração dos direitos adquiridos”.