Uma alma inquieta, veia artística pulsante e uma vida breve, porém, intensamente vivida. Quando ele nasceu, em maio de 1940 – um ano bissexto – o mundo vivia um período turbulento com a Segunda Guerra Mundial. No cinema, Charles Chaplin estava em cartaz com o filme “O Ditador”, Carmen Miranda tocava no rádio “Mamãe eu quero” e Di Cavalcanti, pintava a tela “Ciganos”, considerada como uma de suas obras primas. Mossoró possuía uma população estimada em 31.500 habitantes e, no dia 05 de maio de 1940, nascia José Gurgel da Silva Melo.
Conhecido como Jotagê, ou simplesmente Dedé, para os mais íntimos, José Gurgel revelou seu talento através das artes plásticas, poesia, música e desenhos, dentre outros dons que a vida o presenteou. Idealista, militou ao lado de companheiros contra o Golpe de 1964. Mas tinha como vício o cigarro, seu cruel algoz. Assim, em 28 de abril de 1987, José Gurgel faleceu, vítima de um câncer.
Alguns anos depois, em 1994, veio a homenagem póstuma da UERN. Foi na gestão de Maria das Neves Gurgel, sob indicação do então diretor do Centro de Estudos e Programação Cultural, Prof. Aluísio Barros, que foi criada a Pinacoteca José Gurgel, que reunia o acervo da Universidade. De forma justa, Aluísio Barros conta que a Pinacoteca também foi criada graças ao incentivo do Reitor Antonio Capistrano, que investia na aquisição de obras sempre que havia exposição na Universidade. Em 2001, gestão dó Reitor Walter Fonseca e com Felipe Caetano como Pró-Reitor de Extensão, e o diretor do CEPC Pe. Guimarães, a Pinacoteca foi reinaugurada na ACEU.
Passados mais alguns anos, a história da Pinacoteca José Gurgel encontra outro co-protagonista. O Pró-Reitor de Extensão, Prof. Etevaldo Almeida, sugere ao Reitor Pedro Fernandes a revitalização da Pinacoteca da UERN. Com o aval do Reitor, Etevaldo Almeida foi além, mergulhou na obra do artista mossoroense e realizou não somente um resgate, mas uma homenagem que emocionou a família e os amigos de José Gurgel.
A cerimônia de revitalização da Pinacoteca, realizada em agosto deste ano na Reitoria da UERN, foi marcada pela emoção, presença de familiares e visitas ilustres, dentre elas a ex-Reitora Maria das Neves Gurgel, Luiz Alves e Lima Neto. Etevaldo Almeida deu sua voz a José Gurgel e declamou poesias do artista ao lado de músicos e poetas convidados: Marieta Cosme de Oliveira, Cecília Monte, Camila Praxedes, Dulce Cavalcante, Pâmela Martins, Pablo Moura, Verinaldo Paiva, Lima Neto, Hallyson Dantas, Bruno Farias, Daniele Dantas, Guido Alves.
A viúva e a irmã de José Gurgel, respectivamente Gessy Melo e Maria José Melo, se emocionaram com a homenagem prestada pela UERN. O escritor Tarcísio Gurgel, primo do homenageado, falou sobre esse sentimento: “Eu e os demais membros da família estamos profundamente comovidos com essa lembrança do multiartista Zé Gurgel. Etevaldo empenhou o melhor da sua capacidade de trabalho e criatividade. Não esperávamos tamanha dimensão, foi espetacular”, afirmou Tarcísio Gurgel.
As obras da exposição “Marcas do Tempo”, que revitaliza a Pinacoteca, podem ser apreciadas na Reitoria da UERN. Posteriormente, com o resgate do prédio da ACEU, a Pinacoteca será transferida para o prédio histórico do Clube Ypiranga. O projeto de restauração e reforma da ACEU foi aprovado pela Comissão Estadual de Cultura, com isso a Universidade está autorizada a captar recursos da ordem R$ 1 milhão, por meio da Lei Câmara Cascudo, de incentivo à Cultura.
O curador da exposição é o Pró-Reitor Adjunto de Extensão, prof. Fabiano Mendes: “Toda obra humana que não se esgota em si mesma, destruindo-se e levando consigo a possibilidade de exame das gerações futuras, carrega duas temporalidades: a do presente da obra e a do presente de quem, no futuro, entra em contato com essa obra”, explica o tema da exposição.
As obras da Pinacoteca também podem ser visualizadas na plataforma digital, através do endereço http://pinacotecajotage.wixsite.com/uern.