Texto: João Moura
Comumente utilizada para acomodar pacientes que aguardam atendimento, a sala de espera do ambulatório do Hospital da Mulher Parteira Maria Correia foi palco, nesta sexta-feira (20), de um tipo diferente “espera”. Acolhidos e orientados por profissionais da unidade de saúde, um grupo de residentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) compartilhava entre si a expectativa crescente de aplicar os conhecimentos adquiridos nos últimos anos, adquirir mais experiência e, sobretudo, contribuir para o fortalecimento da saúde no estado, em prol da população.
Composto por profissionais como assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, dentistas e psicólogos, o grupo faz parte dos cerca de 40 residentes da Uern que começam neste mês a atuar no hospital.
Eles irão atuar nos ambulatórios de mastologia, ultrassonografia, ginecologia, obstetrícia, LGBTI+, cardiopediatria, práticas integrativas e complementares (PICS) e follow-up (seguimento do recém nascido prematuro ou com alterações no desenvolvimento).
“As nossas expectativas enquanto profissionais e enquanto residentes são muito grandes, porque, apesar de já sermos graduados, ainda estamos em um processo formativo, que é o que a residência possibilita. Então, estamos com essa espera principalmente em relação a novas oportunidades e novos aprendizados”, destaca o enfermeiro Pablo Carvalho, da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade da Uern.
Residente da Uern desde 2022, Pablo atua na Unidade Básica de Saúde Antônio Camilo, localizada no bairro Ilha de Santa Luzia, e em equipamentos como o consultório familiar da Maternidade Almeida Castro e Centro POP em Mossoró. Além do trabalho assistencial, o enfermeiro desenvolve atividades de prevenção, promoção e educação em saúde para a população atendida nas unidades.
Entre as expectativas de Pablo em relação ao Hospital da Mulher, está a possibilidade de atuar no ambulatório LGBTQIA+ da unidade. “Historicamente, essa população sofre negligência por parte de serviços de saúde, além de preconceitos como a transfobia. Então, ver a possibilidade de essa população ser assistida dentro de um hospital de referência é muito gratificante”, frisa Pablo, que já realiza atendimentos no Ambulatório LGBTQIA+ da Uern.
Outra residente que anseia pelo início das atividades no Hospital da Mulher, a cirurgiã-dentista Valéria Sibegueny ressalta a importância desse tipo de experiência para os novos profissionais. Há seis meses atuando no ambulatório da Faculdade de Enfermagem da Uern, onde realiza a cirurgia da linguinha presa em bebês, Valéria analisa a evolução profissional pela qual passou nesse período.
“Hoje tenho uma segurança muito maior. As tomadas de decisão, os procedimentos, todo o processo é bem mais tranquilo. Essa foi uma experiência incrível que a Faculdade me proporcionou”, relata.
A cirurgiã-dentista também ressalta a percepção que adquiriu sobre a importância de um atendimento que envolve equipes multiprofissionais, oferecendo aos pacientes a atenção de diversas áreas, em uma única oportunidade. “E isso é um ganho pra gente também, porque a gente aprende muito com os colegas”, complementa.
“Essa abordagem interprofissional traz uma qualidade e uma humanização maiores aos atendimentos. O paciente recebe atenção de profissionais capacitados, que possibilitam esse atendimento integral e o compartilhamento do conhecimento”, frisa o professor Lucídio Clebeson de Oliveira, coordenador da Residência Multiprofissional em Atenção Básica, Saúde da Família e Comunidade.
Hospital fortalecido
Se é enriquecedora para os residentes, a participação destes nos ambulatórios do Hospital da Mulher é de grande importância também para a unidade de saúde, destaca a diretora geral do hospital, Elenimar Costa.
“Essa parceria é importantíssima pra gente. Nós queremos que este seja um ambiente não só de assistência, mas também de ensino, pesquisa e extensão”, salientou a diretora, acrescentando o desejo de que os recém-chegados, após a conclusão da residência, retornem ao hospital e a outras unidades de saúde, como funcionários efetivos.
Além dos discentes da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade, também participarão dos ambulatórios do Hospital da Mulher alunos das residências de Medicina de Família e Comunidade e de Ginecologia e Obstetrícia.
“Esse momento de acolhimento foi muito importante para todos os residentes se sentirem não só acolhidos, mas parte integrante dessa equipe que está trabalhando no local. Foi também importante para o hospital apresentar seus princípios, valores e seus objetivos, apresentando os fluxos de atendimento, o público alvo. Foi então um momento de troca, de conhecimento, de expectativas”, ressaltou a diretora de gestão acadêmica hospitalar da Uern, Hosana Mirelle, que conduziu o acolhimento nesta sexta-feira.
Inaugurado em dezembro último, o Hospital da Mulher tem sua gestão acadêmica sob responsabilidade da Uern, enquanto a gestão administrativa é feita pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). A unidade contará com mais de 160 leitos focados na atenção materno-infantil, ginecológica e obstétrica de média e alta complexidade. Quando a unidade estiver em pleno funcionamento, terá como meta realizar 20 mil atendimentos anuais.
O prédio conta com 15 mil metros quadrados de área construída, dividida em quatro andares com oito elevadores. O terreno completo, que soma 36 mil metros quadrados, terá cerca de 200 vagas de estacionamento.