A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) tem se destacado por iniciativas que transcendem os muros acadêmicos e impactam diretamente a vida da população. Um dos exemplos mais expressivos é o projeto “Direitos Sexuais e Reprodutivos: Escolhas Conscientes”, coordenado pela técnica-administrativa Hosana Mirelle. A ação promove rodas de conversa, oficinas educativas e serviços de saúde voltados à conscientização sobre direitos sexuais e reprodutivos, com atenção especial à população LGBT+.
O projeto nasceu na Faculdade de Enfermagem (Faen), a partir da escuta das demandas sociais de mulheres e jovens em territórios atendidos pela Universidade. “Percebemos a ausência de informações seguras sobre saúde sexual e reprodutiva. Daí surgiu a necessidade de criar um espaço de diálogo e cuidado”, explica Hosana. O nome da iniciativa expressa sua essência: garantir às pessoas o direito de decidir sobre seus corpos e suas vidas de forma informada e respeitosa.
Entre os principais públicos atendidos estão adolescentes, jovens mulheres, adultos e pessoas LGBTQIA+, alcançados por meio de ações em escolas, comunidades e unidades de saúde. O diferencial está na adaptação de cada atividade aos contextos culturais e sociais do público, o que favorece o acolhimento e a efetividade das mensagens.
A psicóloga clínica Giselle Ferreira, de 28 anos, é uma das beneficiárias do projeto. Ela relata que conheceu a iniciativa pelas redes sociais e, desde então, faz acompanhamento ginecológico, nutricional, realiza exames preventivos e testes para ISTs. “É um serviço incrível, extremamente acolhedor. Os horários noturnos são perfeitos para quem, como eu, trabalha em horário comercial”, destaca.
A oferta gratuita do Dispositivo Intrauterino (DIU) é outro ponto forte do projeto. A inserção é realizada por profissionais capacitados e com acompanhamento contínuo. “Muitas das mulheres atendidas estão em situação de vulnerabilidade econômica. Para elas, o DIU representa liberdade e autonomia reprodutiva”, ressalta a coordenadora.
Apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes, sobretudo no enfrentamento de tabus e desinformações. A equipe do projeto investe em formação contínua, com oficinas sobre comunicação não violenta, escuta qualificada e temas como diversidade sexual e gênero. “Nosso compromisso é com um cuidado que acolhe e não julga”, reforça Hosana.
A ação também está em sintonia com a Agenda 2030 da ONU, contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Trabalhamos pela saúde (ODS 3), educação de qualidade (ODS 4), igualdade de gênero (ODS 5), redução das desigualdades (ODS 10) e pela promoção da paz e justiça (ODS 16)”, pontua.
O impacto do projeto tem sido potencializado por parcerias com o Hospital da Mulher Parteira Maria Correia, onde a equipe colabora na elaboração de protocolos e capacitações, além de articulações com cursos como Direito, Psicologia e Serviço Social da própria universidade, e com a Secretaria Municipal de Saúde.
Os resultados são expressivos: aumento da procura por métodos contraceptivos, ampliação da participação das mulheres nas atividades educativas, formação de multiplicadoras nas comunidades e produção científica com base nas experiências vividas. “Já apresentamos trabalhos em congressos e continuamos sistematizando dados que fortalecem a extensão universitária como prática de transformação social”, afirma a coordenadora.
O futuro do projeto mira longe. A equipe trabalha para expandir as ações para regiões mais remotas do estado e consolidar novas parcerias com redes de atenção básica e instituições de ensino. “Queremos que o ‘Escolhas Conscientes’ siga crescendo como uma ferramenta de escuta, ciência e respeito às escolhas de cada pessoa”, conclui Hosana Mirelle.
