Fim de tarde desta segunda-feira, 07, a praia de Upanema, em Areia Branca, foi cenário de mais um esforço pela preservação da tartaruga-pente. Cento e cinco filhotes dessa espécie rara (eretmochelys imbricata), ameaçada de extinção, foram levados ao mar, nesta temporada considerada atípica. “O período de desova ocorre geralmente entre novembro e junho”, explica a bióloga Simone Almeida, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ela é integrante do projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), que é desenvolvido há 16 anos em parceria com a Petrobras.
A soltura da ninhada foi acompanhada pelo reitor Pedro Fernandes, que considerou o momento simbólico para a Universidade. “O projeto é importante pela atitude de preservação de uma espécie que está em um nível de extinção crítico e também porque envolve pesquisa e extensão, com participação direta da comunidade”, afirmou, conceituando como sublime a soltura das tartarugas pela proteção à vida animal. De novembro até agora, já foram soltas mais de 3.500 tartarugas, pelo projeto Cetáceos.
Na Unidade de Pronto-Atendimento de Animais Marinhos, em frente ao local da soltura das tartarugas, o coordenador do projeto, professor Flávio Lima, fez uma exposição do trabalho que é desenvolvido em 14 municípios, entre Caiçara do Norte (RN) e Aquiraz (CE), totalizando uma faixa litorânea de 336 km, com foco, principalmente na área de Areia Branca. O professor lembrou a repercussão internacional do encalhe das 30 pseudorcas crassidiens (baleia falsa-orca), em 22 de setembro 2013 quando o resgate com ajuda da população e órgãos governamentais como IBAMA, Petrobras e Prefeituras de Grossos e Areia Branca, Policia Militar e Capitania dos Portos, alcançou 83% de sucesso. Só oito animais não puderam ser devolvidos ao mar porque morreram. Mesmo assim, eles servem para estudo, através da coleta de sangue, tecidos e outros materiais, além de um possível aproveitamento da carcaça como atração turística.
A comitiva, que contou com a presença dos pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, João Maria Soares; e Extensão, Etevaldo Almeida Silva e da chefe de Gabinete da UERN, Fátima Raquel Rosado, além da gerente de Turismo Viviane Araújo, chefe de Gabinete, Lauro do Vale, e Victor Filho, assessor executivo da Prefeitura de Areia Branca, pôde assistir explicações sobre a reabilitação dos animais encontrados durante o monitoramento que é feito na costa potiguar.
Na base atualmente estão sendo assistidas três tartarugas adultas das espécies oliva (Lepidocelys olivacea), cabeçuda (Caretta caretta) e verde (Chelonia mydas). Todas vítimas da crueldade humana. Os animais têm marca de maus tratos, sendo que um deles teve uma das nadadeiras decepada.
O projeto da UERN também cuida de golfinhos, peixes-bois e aves-marinhas.