Falar sobre suicídio há muito tempo vem deixando de ser um tabu. A maioria dos especialistas da área de saúde concorda que falar abertamente sobre os sinais de adoecimento mental e fatores que podem levar a esse ato extremo é uma possibilidade de ajudar pacientes e familiares que convivem com esse problema, além de contribuir para a prevenção de novos casos.
O assunto foi tema de pesquisa desenvolvida por professores e alunos do curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) e rendeu o título de melhor trabalho no V Congresso Brasileiro de Medicina Legal e Perícias Médicas, realizado em Vitória (ES). O estudo desenvolvido pelos alunos Bruna Ferreira e Natacha Meira, orientado pelos professores Isac Axel e Rodolfo Cavalcanti, conquistou o primeiro lugar no Congresso.
A pesquisa fez um levantamento sobre o número de óbitos por suicídio por enforcamento (CID-X70) entre 2014 e 2019, através do DataSUS, no Brasil e RN. “Destacamos os três municípios do Estado com maior número de casos (Mossoró, Caicó e Natal), avaliamos seus perfis epidemiológicos, a média anual a cada 100 mil habitantes nas cidades, no RN e no Brasil e comparamos esses valores”, explica Natacha Meira.
Com isso, os pesquisadores identificaram que as três referidas cidades potiguares registraram taxas de suicídio por 100 mil habitantes superiores à média nacional, sendo a taxa de Natal de 3,3, Mossoró de 5,6 e Caicó de 15,7 vezes maiores.
“Os números nos revelaram uma necessidade de buscar o fortalecimento de políticas públicas de prevenção ao suicídio no Estado”, afirma a estudante. Os dados mostram uma realidade preocupante e dão uma noção do problema nas três cidades potiguares. A proposta é que os dados possam servir como base para a adoção de ações voltadas para a redução desses índices.
As estudantes Bruna Ferreira e Natacha Meira e os professores Rodolfo Cavalcanti e Isac Axel, que também é médico legista no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), fazem parte da Liga Acadêmica de Medicina Legal e Perícias Médicas na Uern. A liga foi fundada recentemente na Instituição, e visa desenvolver ações de ensino, pesquisa e extensão na área de medicina legal e perícias.