Nós mulheres representamos mais de 50% da população do mundo. Somos também 70% das pessoas mais pobres e 60% das analfabetas em todo o planeta. Vivenciamos os empregos mais desvalorizados, sem proteção ou direitos sociais. No Brasil, recebemos salários de até 40% a menos que os homens no exercício das mesmas atividades produtivas.
No campo dos direitos sexuais e reprodutivos e da liberdade afetivo-sexual, temos sido constantemente violadas na condição básica de nossa autonomia: o direito de decidir sobre o nosso próprio corpo. Como conseqüência disso, vivenciamos o absurdo da ilegalidade do aborto que condena a morte milhares de mulheres, o alto índice de gravidez na adolescência, fato que altera de forma brusca a trajetória de milhares de jovens em nosso país e o crescimento acelerado da AIDS, entre as mulheres, principalmente as jovens, pobres e negras. Tudo isso, somado à falta de políticas públicas de saúde para as mulheres lésbicas.
Especificamente com relação ao fenômeno da violência contra a mulher, no Brasil, uma em cada cinco mulheres já foi vítima de algum tipo de violência praticada por seus companheiros, maridos, namorados ou os ex. Em nossa cidade diariamente cerca de quinze mulheres denunciam agressões sofridas na Delegacia Especializada no Atendimento às Mulheres (DEAM), mesmo esta não funcionando em plantão 24 h. E nem nos finais de semana. Em Mossoró, não existem serviços de proteção às mulheres em situação de violência como preconiza a Lei Maria da Penha, a exemplo de casas abrigo, centro de referência de apoio psico-social e jurídico, defensorias públicas, serviços de saúde etc.
As trabalhadoras rurais vivenciam uma condição de vida ainda mais difícil, pois é no campo que as mulheres são economicamente mais pobres, menos escolarizadas e com precário acesso às políticas públicas como saúde, educação, crédito e tecnologia.
É por estas e outras razões que o feminismo vem às ruas, em todo o mundo neste dia 08 de março para pressionar os poderes públicos federal, estadual e municipal pela implementação de políticas públicas de saúde, assistência social, educação, segurança, emprego e renda, etc., para as mulheres, de modo que sejamos reconhecidas como sujeito de direitos. Queremos ainda dizer não a todas as formas de opressão a que estamos submetidas.
Somente assim poderemos transformar o mundo pelo feminismo nas lutas por uma sociedade, livre das amarras do machismo, capitalismo, racismo e lesbofobismo. Por um mundo de igualdade e uma vida com liberdade.
PROGRAMAÇÃO:
07/03/2007- 7:30 às 10h – Ato público pelo fim da violência contra a mulher
Local: Praça Vigário Antônio Joaquim
10:00h – Palestra: Feminismo e Liberdade: pelo fim da violência contra a mulher. – Profa. Fernanda Marques de Queiroz – FASSO/NEM/UERN. Lançamento da cartilha: LEI MARIA DA PENHA.
LOCAL: Auditório da Biblioteca Ney Pontes
ORGANIZAÇÃO: Núcleo de Estudos sobre a Mulher/UERN, Fórum Roberta Cláudia de Combate à Violência contra a Mulher, ACREVI, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Centro Acadêmico de Serviço Social, Cooperativa Terra Livre, SINDSERPUM, Conselho Regional de Serviço Social, FETAM/RN, PROEX/UERN.