Dentro da Programação do Novembro Negro, realizada pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), aconteceu na manhã de hoje, 18, no campus Mossoró, a mesa redonda com o tema “A importância das cotas para os povos e comunidades tradicionais”.
O objetivo é discutir como as políticas de cotas representam uma das principais ferramentas de democratização do acesso ao ensino superior no Brasil. Isso porque, quando se pensa nos povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ciganos, povos de terreiro, entre outros grupos, essa importância se torna ainda mais evidente, visto que esses grupos carregam marcas históricas profundas de exclusão.
“Ao discutirmos hoje a importância das cotas para os povos e comunidades tradicionais, reafirmamos algo que é base para a Uern: a educação pública só cumpre seu papel quando consegue incluir, reparar e transformar”, disse Anairam de Medeiros, sub-chefe de gabinete e representante da reitora Cicília Maia no evento.
A programação teve início com a apresentação cultural de ciganos e ciganas. Em seguida, deu-se início à discussão. A mesa redonda foi composta por integrantes de povos e comunidades tradicionais, e mediada pela titular da Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (Diaad/Uern), Eliane Anselmo.
Um dos componentes da mesa, o cacique geral dos Povos Indígenas do RN e Professor Honoris Causa da Uern, Luiz Katu, destacou a importância desse evento. “Debater sobre a questão das políticas públicas afirmativas dentro da Universidade é fundamental para sensibilizar e para ampliar o acesso a essas cotas para que essas universidades garantam, efetivamente, que mais indígenas, negros, pardos e quilombolas possam acessar o ensino superior”, disse Luiz Katu, reforçando a necessidade, também, de políticas de permanência.
Priscila Presley, coordenadora estadual do Coletivo de Mulheres Ciganas Dudu Targino, comentou sobre a iniciativa da Universidade em promover esse tipo de debate. “Hoje é um momento muito importante, um marco para a história da cultura cigana, pois esse debate permite ampliar a visibilidade da cultura cigana”.
Os povos quilombolas estiveram representados no evento pela coordenadora nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do RN, Cyntia Melo. Ela destacou a necessidade de incluir quilombolas em todos os espaços. “Como mulher quilombola, é muito importante estar vendo essa visibilidade dentro dos espaços acadêmicos do Rio Grande do Norte. Isso nos coloca no lugar de poder, mostrando que a gente precisa, sim, ocupar os espaços que para nós também é direito.”
Além de integrar a programação do Novembro Negro na Uern, a mesa redonda também faz parte do XI Colóquio sobre Questões Étnicas no Nordeste Brasileiro, realizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi/Uern), no período de 17 a 19 de novembro de 2025, na Uern Mossoró.
