Na data em que celebrou seus 55 anos e foi prestigiada pela comunidade acadêmica, autoridades e diversas pessoas que de alguma forma tiveram suas vidas impactadas, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte não foi a única a receber o merecido reconhecimento.
Durante a assembleia celebrada nesta quinta-feira, no Teatro Dix-Huit Rosado, personalidades ligadas à academia ou à comunidade em geral foram agraciadas com honrarias que buscaram simbolizar a importância de sua atuação para a Universidade e para o Estado.
Homenageada com o título de Doutor Honoris Causa, a biomédica e professora Helena Bonciani Nader frisou a alegria pelo reconhecimento, que se estendeu também para outras mulheres.
“Fico muito feliz com essa homenagem. As pessoas estão lembrando de mim e eu espero que isso seja um modelo para outras mulheres. Nós termos todas essas mulheres homenageadas e termos uma mulher como reitora é um momento muito importante para a Universidade e de uma forma muito especial para as mulheres”, destacou.
Além de fazer parte da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Durante seu discurso na assembleia, representando todas as pessoas homenageadas, a professora salientou a importância da valorização da ciência na sociedade e o esforço necessário para combater males que se tornaram mais evidentes nos últimos anos, especialmente com a pandemia do coronavírus, como a desinformação e o negacionismo.
“A pandemia nos mostrou a importância de pelo menos dois Brasis distintos. Um solidário, com pessoas que se engajaram na luta contra a covid. O outro Brasil, das fake news, dos anti-ciência, do desrespeito ao outro. Mas o cenário de colaboração e solidariedade pode ser de fato o país que todos queremos, unido, fraterno, que busca a equidade, a sustentabilidade e a justiça social. Esse país está de volta, mas precisa ser reconstruído, e essa reconstrução depende de cada um de nós”, frisou a professora, que finalizou seu discurso fazendo um convite para que a comunidade acadêmica participe da celebração do Dia Nacional da Cidadania, em 5 de outubro.
Também homenageada nesta quinta-feira, a atriz Antônia Lúcia da Silva, mais conhecida como Tony Silva, recebeu o título de Professor Honoris Causa.
Com forte atuação no cenário artístico-cultural de Mossoró e região, Tony Silva tem papel fundamental na história da arte, do teatro e da luta antirracista e em favor dos povos de terreiros.
“É difícil descrever a sensação porque a emoção brota a cada momento que falo sobre isso. É o maior título que recebi na minha vida”, comentou a atriz, a relevância da proximidade entre a academia e o meio artístico.
“Já é um namoro fixo esse da universidade com a arte. Mas agora existe ainda com mais afinco, fora dos muros da instituição. Vai dar um casamento”, brincou.
Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes, além de professora, exerceu vários cargos acadêmicos e de gestão na Uern. A trajetória da pesquisadora, conferencista e palestrante, com importantes trabalhos na área de educação inclusiva, a credenciou a receber o título de Professor Hemérito.
Outra homenageada que expressou o contentamento durante a solenidade, a servidora Sara Cristina do Couto Silva foi agraciada com o Diploma do Mérito Administrativo.
“Estou há 13 anos na Uern e posso testemunhar a importância dela para a sociedade potiguar. No meu trabalho, posso acompanhar a transformação que ela causa na vida das pessoas. Então fico muito orgulhosa desse momento e do trabalho que exerço na Universidade.
Medalha da Abolição
A cerimônia também foi marcada pela entrega da Medalha da Abolição – comenda concedida anualmente, pela Uern e pela Prefeitura Municipal de Mossoró, a personalidades que tenham se notabilizado na prestação de serviços à comunidade, nas áreas de educação e cultura, sobretudo em benefício da Uern.
Para a edição da Medalha da Abolição deste ano, o tema escolhido foi “A Uern também é sua”, o qual norteou todas as ações comemorativas do aniversário da Uern, simbolizando a ideia de que a Universidade não é só dos estudantes, professores e técnicos-administrativos, mas sim um patrimônio de todo o Rio Grande do Norte e, devendo ser defendida e apoiada por toda a população norte-rio-grandense.
Uma das contempladas com a comenda, a diretora-geral do Grupo TCM, Zilene Marques enalteceu o papel da Uern enquanto instituição capaz de promover a educação no Estado e transformar vidas”.
“É uma alegria muito grande estar aqui e receber essa homenagem, principalmente pelo grande serviço que a Uern promove, com uma contribuição tão grande para a educação e para a cultura do Rio Grande do Norte”, frisou.
Graduada em Serviço Social pela Uern, Zilene Marques cursou Administração dos Serviços de Saúde na Universidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, e se especializou em Administração Hospitalar e Gestão da Qualidade, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
No início dos anos 2000, fundou, juntamente com o esposo Milton Marques de Medeiros, ex-diretor da Uern, o Grupo TCM, o qual leva televisão a cabo e internet a mais de 10 cidades no interior do Rio Grande do Norte.
A Medalha da Abolição também foi concedida, in memoriam, ao professor Felipe Caetano de Oliveira. O docente ingressou na Uern em 1972, no Departamento de Ciências Sociais, e foi três vezes pró-reitor de Extensão.
Em suas gestões, a extensão universitária passou por um crescimento significativo, com a criação do Conservatório de Música D’alva Stella Nogueira Freire, do Grupo de Teatro Universitário de Mossoró (Grutum), do Grupo de Dança Universitário de Mossoró (Grudum) e do Festival de Teatro da Uern (Festuern). O docente faleceu em dezembro de 2020, devido a complicações da Covid-19.
O filho do professor, Felipe Caetano Filho, destacou o apreço do pai pela Universidade e a importância que a instituição teve em sua história.
“É uma satisfação imensa essa homenagem, de uma instituição a que meu pai dedicou boa parte da sua vida. Na Uern ele conseguiu realizar vários projetos e se realizar pessoal e profissionalmente”, recordou Felipe Caetano Filho.
Agraciada também pela honraria, a ex-reitora da Uern professora Maria das Neves Gurgel, conhecida como Nevinha, expressou a felicidade pela homenagem, principalmente após sua longa trajetória na instituição.
“Esses momentos são raros, mas também muito importantes. Eu me sinto muito feliz de estar nesse lugar”, frisou Nevinha, que foi docente do Departamento de Educação, pró-reitora de Graduação, vice-reitora e reitora.
No cargo mais alto da hierarquia universitária, entre 1993 e 1997, realizou vários avanços na administração, como o registro dos diplomas na própria Universidade e a ampliação do corpo docente, com a realização de quatro concursos públicos para professores.
Lutas e reconhecimentos
Além de Nevinha, outros ex-reitores prestigiram a solenidade desta quinta-feira. A ex-vice reitora Fátima Raquel comentou sobre o contentamento de participar da solenidade principalmente após as conquistas alcançadas pela instituição nos últimos anos.
“Passa um filme na nossa cabeça, vendo a Uern ser coroada com tanta coisa boa depois de anos de muita luta. Lembro desde a primeira gestão, do professor Pedro (Fernandes) e do professor Aldo (Gondim). É muito bom ver todo esse trabalho ser reconhecido e agora continuar e ser conduzido de forma brilhante pela professora Cicília (Maia)”, comentou a professora.
Também presente à solenidade, o professor Walter Fonseca, ex-reitor da Uern Feliz, também relatou a alegria por participar da assembleia de aniversário de Uern, pela qual afirmou nutrir grande apreço.
“Depois da minha família meu amor maior é essa universidade.Então, vê-la hoje ainda maior, com autonomia financeira, e vê-la espeitada e amada pelo Rio Grande do Norte é uma grande alegria. Me sinto feliz e recompensando por fazer parte dessa história”, comentou o professor.
Fotos: Bruno Soares/Uern