Na tarde desta quinta-feira, 1º, o grupo Olhares, formado por pessoas com deficiência visual da Universidade Federal de São Carlos (UFsCar), apresentou o espetáculo-manifesto “Ciência é vida”, como parte da 15ª edição do Ciência em Cena.
Com plateia lotada, promoveu uma encenação sensível, com muita música, informação, arte e acessibilidade. Cada pessoa com deficiência presente lá para assistir à peça tinha um assistente ao lado para fazer a audiodescrição.
No público, alunos da rede pública das escolas e integrantes do Centro de Apoio ao Deficiente Visual (CADV) de Mossoró, muitos dos quais assistiam a um espetáculo teatral pela primeira vez.
“Fui chamada pela CADV e, quando cheguei lá, tive uma surpresa, com a audiodescrição. Foi um evento maravilhoso, divino”, disse Eolaene Maria, pessoa com deficiência visual e aluna do curso de Serviço Social do Campus Mossoró da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).
Jaqueline Soares Batista, integrante do CADV há dois anos, manifestou impressão semelhante. “Foi uma experiência única, eu nunca tinha participado e assistido um espetáculo assim, com alguém falando para mim. Foi ótimo”.
O espetáculo-manifesto “Ciência é vida” traz a encenação de um debate de doutores sobre doenças, medicamentos e vacinas num congresso. Em um diálogo possível da vida cotidiana, realidade e a ficção se misturam na criação do Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica. A apresentação mostra a importância da ciência do século XX até os dias de hoje.
Aspectos importantes da história humana e reflexões sobre o futuro do planeta se fazem presentes num manifesto escrito ao longo do espetáculo.
Na redação final, a professora Karina Omuro Lupetti, do Departamento de Química da UFSCar, diretora do grupo e presidente do Instituto Ciência em Cena, lê emocionada: “Reivindicamos igualdade de oportunidade para todos os brasileiros. Que a ciência e a educação sejam prioridade no nosso país. Viva a ciência! Viva a SUS! Viva a vida”.
Outros espetáculos
No mesmo dia, ocorreram outras apresentações teatrais como parte da programação do evento.
O Grupo de Teatro Científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou o espetáculo “Coração em chagas”, sobre a doença de Chagas, e o Grupo “Química em Ação”, da Universidade de São Paulo (USP), promoveu o “IQ-TV”, telejornal descontraído que traz notícias sob a perspectiva da Química.
“A gente já apresentou essa peça algumas vezes em Ponta Grossa, mas estar aqui é diferente, porque lá a gente sabe com quem a gente está falando, com expressões que funcionam, as pessoas interagem e tudo. Aqui é diferente. Tem gente do Brasil inteiro, e muita gente do Nordeste. Então, é uma novidade ver como que é a reação das pessoas”, relatou Leila Freire, professora de Química da UEPG.
Ana Clara, estudante do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Aída Ramalho Cortez Pereira, se disse surpresa com a qualidade das produções. “É muito bom, e dialoga com os conteúdos que a gente aprende em sala de aula”.