Os 20 anos da Feira do Livro de Mossoró, evento que iniciou na segunda-feira, dia 11, e segue até a sexta-feira, dia 15, na Faculdade de Educação da Uern, em Mossoró, tem uma programação toda especial, principalmente por homenagear um grande escritor mossoroense.
Além de escritor, João Almino é diplomata e ocupante da cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras. Essa figura tão prestigiada esteve ontem na abertura oficial da feira e, na manhã de hoje, foi o destaque de uma Roda de Conversa, que teve como mediadora a professora e também escritora, Leila Tabosa.
Para João Almino, voltar a Mossoró e participar da Feira do Livro está sendo muito especial. “É diferente de todas as outras experiências para mim, primeiro porque é a cidade onde eu nasci e cresci, depois porque o público é muito especial, tem gente muito próxima, como amigos de infância, então eu não tenho outro lugar onde eu possa me sentir tão bem e que me traga esse tipo de emoção”. Ele falou ainda da satisfação em ser o homenageado da Feira. “ Me senti muito honrado em ser o escritor homenageado. Para mim foi uma alegria muito grande”, completou.
A primeira experiência de João Almino com a Feira do Livro de Mossoró foi nos primórdios do evento. Perguntado sobre suas impressões acerca desta edição, ele não escondeu o deslumbre. “Dá para notar a diferença, há sobretudo uma multiplicidade de atividades na feira atualmente. Eu acabei de passar, por exemplo, por uma sala onde há exposição de trabalhos dos alunos locais. Então há esse interesse grande na promoção da literatura, de autores também do Rio Grande do Norte. Enfim, eu não diria nem só que a feira cresceu, mas que se diversificou em distintas atividades que levam ao interesse pelo livro e à própria criação literária”. E destacou ainda a importância disso para a juventude. “Eu imagino que alguns desses jovens se inspirem no que é feito aqui, no que eles veem aqui, no que eles ouvem aqui”, comentou.
Para a professor a Leila Tabosa, grande admiradora e leitora das obras de João Almino, poder mediar esse momento foi gratificante. “A literatura Alminiana me chega de uma tocante por vários motivos. Pelo projeto que ele empreende em Brasília, colocando essa capital no mapa da literatura, mas ele não faz isso de maneira à toa. Existe toda uma sustentação de narrativas marginais e de fronteiras que vão sustentar essa suposta narrativa de Brasília, que é a grande metáfora do Brasil. Então hoje eu sinto que eu vou conversar um pouco com Graciliano Ramos, um pouco com Guimarães Rosa, um pouco com Machado de Assis, porque João Almino é herdeiro dessa tradição e subverte-a”, disse.
Durante a Roda de conversa, o escritor compartilhou suas experiências profissionais e pessoais com admiradores da literatura, que estiveram presentes para prestigiar o homenageado.
Obra
A vasta obra do escritor João Almino tem como destaque romances premiados, como “As cinco estações do amor” (Prêmio Casa de las Américas) e “Cidade livre” (Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon e finalista do Prêmio Jabuti e do Portugal-Telecom),
É aclamado pela crítica também por seus romances Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo, Samba Enredo e O Livro das Emoções. Ele tem feito de Brasília tema de sua obra de ficção. Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia. É também autor de livros de ensaios literários.
Com obras traduzidas para vários idiomas, João Almino é um dos principais nomes da literatura contemporânea brasileira. Além da carreira literária, foi embaixador e atuou em postos diplomáticos em cidades como Paris, Washington e Londres, além de já ter lecionado em universidades como UnB, Stanford e Sorbonne.