Na noite desta segunda-feira, 28, foi realizada a conferência de abertura do Abril Indígena da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).
O tema do debate foi o acesso e permanência dos estudantes indígenas na universidade tendo como palestrante principal professor Gersen Baniwa, da Universidade de Brasília (UnB).
Baniwa é uma das principais lideranças indígenas do Brasil. Ele destacou a importância da presença indígena na academia. “Ao longo de muito tempo esses povos tinham sido renegados e tratados como sociedades ou povos sem cultura ou sem conhecimento, sem história. Essa chegada na universidade, primeiro, garante esse reconhecimento. Segundo lugar, é uma bela oportunidade, talvez única, para que os conhecimentos indígenas sejam incorporados à chamada ciência mais ampla, de repente esses saberes possam, inclusive, contribuir na busca por soluções que a humanidade tanto procura hoje”, disse. “Os saberes e culturas indígenas nada mais são do que saberes e sujeitos de saberes que compõem a nossa humanidade”, complementou.
A diretora de Ações Afirmativas e Diversidade da Uern e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), Eliane Anselmo, destacou o evento como uma forma de atender a necessidade de ouvir os indígenas. “Esse evento foi pensado justamente para os estudantes com foco em políticas afirmativas, ações afirmativas para os povos indígenas, é preciso também ouvi-los. Nesse sentido a gente convidou estudantes indígenas de todo o estado, de várias comunidades, para além das lideranças como o Luiz Katu, a Lúcia Payacu e o nosso convidado, o Gerson Baniwa, que é professor da UNB, para vir debater com a gente”, disse. “Como os próprios indígenas falam, ‘nada para nós sem nós, nada para eles sem eles’. A gente precisava ouvir os estudantes para ouvir, suas demandas e poder em cima disso trabalhar essas políticas e ações afirmativas”, complementou.
Uma das principais lideranças indígenas do Rio Grande do Norte, o cacique Luiz Katu, elogiou o papel da Uern na inclusão dos povos originários. “A Uern hoje é um parceiro do movimento indígena estadual. Tem uma parceria de dar visibilidade à questão, à causa indígena, à temática indígena, inclusive, essa é uma temática muito discutida aqui dentro da Uern e por não indígenas, dando lugar de fala aos próprios indígenas para trazer essa questão, atualizando, quebrando estereótipos”, frisou.
Outra liderança indígena, a cacica Lúcia Paiacu, que coordena o Centro Histórico de Apodi, disse que desde 2013 já conta com a parceria da Uern. “É um momento superbacana e necessário”, frisou.
Egresso da Uern, o jornalista Ary Paiacu, destacou o trabalho inclusivo da instituição. “É muito importante para os estudantes indígenas terem esse território. Para nós é superimportante”, declarou.
A reitora Cicília Maia lembrou que tão necessário quanto garantir o acesso ao ensino superior é trabalhar pela permanência do estudante. “A nossa universidade, é uma universidade socialmente referenciada, inclusiva e includente. Estamos sempre buscando formas de ingresso para a nossa universidade, mas não só o ingresso, como também é um compromisso muito forte nosso relacionado à permanência das pessoas que entram na nossa universidade”, declarou. “É nesse momento, que retrata muito sobre os indígenas no mês de abril, a gente está trazendo uma conferência para a gente discutir não só a admissão, mas também a permanência. Nós precisamos discutir com esse público e tenho certeza que após essa conferência, após as falas dos conferencistas que estão aqui nessa ampla discussão, nós sairemos aí com encaminhamentos importantes para pautar a nossa universidade em relação à pauta dos indígenas”, avaliou.
A reitora ainda destacou o papel da DIAAD no trabalho de inclusão na Uern.