O mundo do game, em sua maioria, é feito por cores e detalhes visuais, e promover a acessibilidade nesse meio é um dos grandes desafios da atualidade. Mas quem disse que não existem alternativas para trabalhar a inclusão de deficientes visuais ao universo de jogos virtuais?
A cientista da computação Larissa Araújo provou que isso é mais do que possível. Recém-formada em Ciência da Computação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), ela desenvolveu uma proposta de Design de Audiogame para Deficientes Visuais. O trabalho é orientado pelo Prof. Dr. Heitor Liberalino.
“Sempre desejei trabalhar com jogos que pudessem ajudar de alguma forma as pessoas. Inicialmente, a minha ideia era de fazer algo que ajudasse crianças a estudar os conteúdos da escola, mas conversando com o professor Heitor, tivemos a proposta de trabalhar com algo voltado para os deficientes visuais. Foi quando eu pesquisei sobre o assunto e gostei bastante”, revela Larissa Araújo.
Para a elaboração da proposta de design de audiogame, a pesquisadora realizou um estudo com base em diversos autores sobre como os deficientes visuais usam o computador de forma geral e quais ferramentas eles utilizam. “Como exemplo, posso citar as informações sonoras e o contraste visual para pessoas com baixa visão”, afirma Araújo, destacando que os estudos permitiram uma base de como aplicar esses conceitos no jogo.
De acordo com Larissa Araújo, essa base teórica possibilitou tanto uma interface visual assistiva, quanto um jogo que tivesse feedback auditivo suficiente para que pessoas com amaurose (que é a perda total da visão, sem lesão no olho em si) também possam jogar sem grandes dificuldades.
O jogo traz a história sobre um mundo onde o antagonista, Breu, remove todas as suas cores. Com isso o protagonista, Renk, junto com a Lumiê, uma fada da luz, devem recuperar essas cores. “A ideia é que seja um design minimalista e assim nós possamos trabalhar bem o contraste das cores para o pessoal com baixa visão”, explica.
A primeira fase será preto e branco, então será usado contraste dessas duas cores. O protagonista vai recuperando as cores do mundo aos poucos, começando pelo azul, depois o amarelo e por fim o vermelho. “Então, após recuperar cada cor um novo contraste entre a cor obtida e as cores anteriores podem ser utilizados”, diz Araújo. O jogo prevê a utilização bastante do som com o uso de som 3D e Lumiê sempre conversará com o jogador dando dicas e guiando ele durante a jornada.
Ela destaca que o trabalho, que resultou em sua monografia, servirá como uma documentação. “Posteriormente, penso em criar um protótipo com as funcionalidades que estão descritas e testá-las tanto com deficientes visuais, quanto com pessoas videntes para comparar se eles também conseguem jogar apenas com o som e qual a diferença de desempenho quando veem a interface e não veem”, frisa.