Poderosos aliados do ensino e do entretenimento, os livros podem também tornar-se instrumentos de transformação e de reinvenção da própria vida. Em alguns casos, esse processo não se limita ao público afetado pela leitura, mas tem início na própria experiência dos autores.
Embora tecnicamente possa ser considerada uma escritora iniciante, já que lançou seu primeiro livro recentemente, Leila Melo apresenta nesta semana, na Feira do Livro de Mossoró, uma publicação que reflete um longo período de experiência da autora sobre o tema central da obra – o amor.
A origem do livro, chamado “Cactos também têm flores”, teve início quando Leila acompanhou a internação do marido, que estava em coma. “O livro nasceu na verdade como um diário, porque eu queria que ele (o marido) soubesse depois como foi o período em que ele estava internado”, conta a autora.
Após o falecimento do esposo, um ano e quatro meses após sua internação, a ideia do diário pareceu inicialmente perder o sentido.
Contudo, se a relação entre Leila e o marido precisou mudar, as anotações acumuladas ao longo do período de internação, que refletiam o amor entre os dois, também passaram por uma transformação.
“Primeiro eu achei que o diário tinha ficado perdido, mas eu vi a necessidade de me ajudar e de ajudar outras pessoas através da nossa história. Então transformei esse diário em histórias que a gente viveu, frases que a gente ouviu, e a própria superação do luto, que eu acredito que é uma dor que não passa, ela acalma. Esse livro traz então também uma esperança para que as pessoas possam ressignificar a vida após uma perda tão importante”, destaca Leila.
Aproximação entre público e autores
Até sexta-feira, Leila Melo é uma das autoras e autores independentes que apresentam suas obras na Feira do Livro, no bloco de Pedagogia do Campus de Mossoró.
Outra escritora que trouxe sua obra para o evento é a professora Leila Tabosa, cujo livro, “Ela nasceu lilás”, reúne 16 contos com histórias de mulheres vítimas de situações de abuso e abandono”.
“É muito importante um momento como esse da Feira do Livro, que reúne autores, em especial autores potiguares, com tantas fabulações literárias”, frisa a professora, que é docente da Faculdade de Letras e Artes da Uern.
Também autora estreante, a gestora de negócios Daisy Nogueira apresenta na feira o livro infantil “O pé do pato”, do qual também é autora das ilustrações.
A ideia de publicar seu livro, incentivada por amigos e familiares, surgiu a partir de trabalhos de ilustração e criação de histórias que fazia com seus próprios filhos.
“Isso demonstra a vontade das pessoas de apresentar seu trabalho. Isso não é fácil, o caminho tem muitos percalços, mas eu estou gostando muito e indico a experiência de vir aqui na feira”, relata.
Também participante da feira, o historiador e escritor Luciano Capistrano, apresenta duas publicações – “Poesias para não esquecer”, que trata de poemas relacionados ao golpe militar de 1964 no Brasil, e “Divagações, memória, fotografia e história”, o qual aborda reflexões a partir da atuação do autor quanto a educação patrimonial.
“Pra mim tem sido uma experiência muito interessante participar da feira e conhecer outros autores, ainda mais numa instituição tão importante quanto a Uern”, frisa o autor.
