Texto: Vitória Araújo – Estagiária de Jornalismo
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à cultura e à educação, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), durante a Assembleia Universitária comemorativa aos seus 56 anos, entregou títulos honoríficos a personalidades importantes, com grande contribuição ao desenvolvimento da Instituição. A solenidade ocorreu nesta sexta-feira, 27, no Requinte Buffet.
Foram agraciados o músico Dorgival Dantas, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa; o professor Luiz Katu, com o título de Professor Honoris Causa; a servidora Myrths Flávia Vidal da Costa Wanderley, que recebeu o Diploma do Mérito Administrativo; e a professora Marlúcia Barros, com o título de Professor Emérito.
Em seu discurso, em nome dos homenageados, Dorgival Dantas externou que está muito feliz e agraciado com a homenagem deste dia, que não consegue encontrar palavras de agradecimento justa à altura do carinho recebido. “Estou aqui muito feliz e quero externar isso da melhor maneira para todos, nesse dia tão bom e tão abençoado, pertinho da minha cidade”, comenta o cantor.
Dorgival Dantas é atualmente um dos principais expoentes da cultura nordestina e do tradicional forró brasileiro. O compositor, poeta e músico potiguar coloca o Rio Grande do Norte em relevância graças à qualidade do seu trabalho e pela referência que, ao longo do tempo, tem se tornado para uma geração de músicos. Em 2024 foi nomeado embaixador do turismo potiguar.
Após o discurso, o cantor retribuiu a homenagem com um pocket show para o público presente. Com sua sanfona, Dorgial Dantas apresentou música de sua autoria externando o orgulho de ser potiguar, e alguns dos seus conhecidos sucessos musicais, como “Destá”, “Forró só presta assim”, “Você não vale nada”, entre outros.
Muito emocionada, Myrths Flávia conta que o recebimento da homenagem tem um grande significado, pois sua vida acadêmica sempre foi na Uern e que todos esses anos em que serviu à Instituição sempre foi com muito amor e dedicação.
“Ter o reconhecimento por parte da Instituição me honra muito mesmo, porque eu me dediquei muito. Tudo o que fiz pela Uern foi de coração, como eu ainda continuo fazendo de coração”, frisou a servidora. E complementou: “Enquanto a Instituição me quiser, eu sempre vou estar à disposição da Instituição, porque eu adoro a Uern, eu adoro tudo que eu faço”, frisa.
Myrths Flávia Vida iniciou sua jornada na Uern em 1987, quando ingressou como aluna na graduação do curso de Ciências/Matemática, graduando-se em 1993. Retornou a Uern como servidora cinco anos depois e completou mais de 25 anos de serviços prestados.
O professor Luiz Katu afirma que hoje é um dia histórico para o movimento indígena, como também para o povo potiguara Katu. É uma homenagem que se estende a todas as pessoas, principalmente professores e professoras indígenas e não indígenas, bem como apoiadores da causa. “A gente ser agraciado com o título de Professor Honoris Causa é um reconhecimento da luta milenar dos povos indígenas, um reconhecimento do conhecimento tradicional que é passado de geração em geração”, relata o professor.
O professor Luiz Katu foi a primeira personalidade indígena a ser homenageada com título pela Uern. Katu é uma liderança indígena potiguar de forte atuação, e encabeçou a luta pela implantação de uma escola indígena na comunidade de Canguaretama. Na Uern, o cacique tem atuado em forte parceria com o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e com a Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DIAAD).
Para a professora Marlúcia Barros, receber o título de Professor Emérito é de grande emoção, um reconhecimento com bastante significado para o Campus de Assú, que no último dia 20 de setembro completou 50 anos. “É o reconhecimento de um trabalho, de uma vida, de dedicação, de muito esforço no ensino, na pesquisa, na extensão, na administração, principalmente no Campus de Assú. E foi uma homenagem significativa também para o Campus, pois ter uma ex-diretora recebendo esse título é uma homenagem não só para mim, mas para toda a comunidade do campus”, frisou a professora.
Marlúcia Barros é graduada em Pedagogia pela Uern e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente é professora aposentada da Uern, mas mesmo após sua aposentadoria, permanece membro do grupo de pesquisa PRADILE (Uern) e docente do Profletas, unidade de Assú.
Padre Sátiro é homenageado em Assembleia Universitária
Além dos homenageados de títulos honoríficos e da medalha da abolição, também foi homenageado o ex-reitor Padre Sátiro Cavalcanti Dantas, ex-reitor da Uern. Ele foi educador, sacerdote e grande defensor da educação. Deixou o plano físico em 2023, mas seus frutos e a memória do seu amor pela educação ficarão para sempre.
Paulo Leão, seu sobrinho, juntamente com sua família, recebeu a homenagem, em memória a imagem do Padre Sátiro, na Assembleia Universitária. Para ele, é um momento marcante e sensível, em que todos estão emocionados com a grande homenagem ao tio.
“É um momento bastante marcante e sensível. Primeiro porque a Uern fez parte da existência dele, e a gente vê isso muito bem na sua obra, que ele lançou há alguns anos nos bastidores de uma luta, onde narra a estadualização desta Instituição. Então, para a família, e para nós aqui representando a família, é um momento marcante e estamos bastante emocionados”, relatou Paulo.
Entre o legado de Padre Sátiro se destacam: a Fundação Socioeducativa do RN (Funsern), Mosteiro de Santa Clara e FM 105, instaladas numa das áreas mais periféricas de Mossoró; direção do Colégio Diocesano de Santa Luzia por 60 anos, sendo diretor emérito; participação fundamental na criação da Faculdade Católica do RN; e sua gestão à frente da Uern, sendo o reitor que liderou a luta pela estadualização da Universidade em 1987.
Fotos: Bruno Soares e Ricardo Morais