Amanhã, às 9h, na Sala de Multimídia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FAFIC/UERN) será defendida a dissertação “A construção da identidade da acompanhante sexual de luxo a partir da relação entre capital erótico, sexo pago e intimidade romântica” de autoria do aluno José Evaristo de Oliveira Filho do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Humanas.
O trabalho foi orientado pela professora Dra. Maria Cristina Rocha Barreto.
O autor do trabalho explica que a ideia de pesquisar sobre acompanhantes de luxo surgiu após conhecer uma vizinha que se apresentou como acompanhante de luxo. “Primeiramente, a ideia para estudar o tema surgiu de modo casual. Eu tinha acabado de mudar para um apartamento e conheci uma vizinha que tomou a iniciativa de se apresentar como uma ‘acompanhante de luxo’. Eu achei interessante ela não se apresentar como uma “garota de programa”, que é o mais comum, e comecei a pensar se realmente a acompanhante sexual de luxo era apenas uma garota de programa que cobrava mais caro ou se, de fato, era um outro tipo de prostituta com características diferentes. A partir daí, decidi estudar o tema e procurei conhecer mais sobre ele, tanto através da literatura já produzida como através de websites e contatos informais com outras acompanhantes”, destacou.
De acordo com Evaristo, a partir daí, ele iniciou estudos sobre o tema. “Através de algumas leituras e pesquisas vi que o universo da prostituição era bem maior do que eu pensava e, como não dava para pesquisar tudo a respeito, decidi focar apenas na acompanhante sexual de luxo e na construção de sua identidade a partir de três eixos temáticos: capital erótico, a atividade de sexo pago e a possibilidade de desenvolver uma relação amorosa. Para desenvolvermos a pesquisa se fez necessária a criação de uma metodologia qualitativa específica, que denominei de Pesquisa Orientada a Temáticas Sensíveis. Além disso, criei também um software que serviu como base de dados e que auxiliou na análise dos dados”, destacou.
O mestrando concluiu na pesquisa que a acompanhante de luxo apresenta diferenciais em relação à prostituta comum. “Quanto aos resultados da pesquisa, eu consegui constatar que a acompanhante de luxo difere de outros tipos de prostitutas (a de bordel, a de rua e a garota de programa), não somente na questão do valor cobrado, que é sempre mais alto, mas também na questão da sua autoimagem e autorrepresentação. Ela tem muito mais capital erótico (beleza, atratividade, desempenho sexual etc.), social (relacionamentos com pessoas de alto nível social como empresários e políticos) e cultural (a maioria das minhas entrevistadas está cursando ou concluído um curso superior) do que outros tipos de prostituta e, portanto, não se vê como uma”, analisou.
Outro aspecto das acompanhantes de luxo é relativo à condição social. “Além de mostrar que a acompanhante de luxo é outro tipo de prostituta, específica da Modernidade Tardia, a pesquisa também serviu para mostrar que as acompanhantes não são vítimas das desigualdades e da exclusão social, mas sim atores sociais conscientes que veem na prostituição de luxo uma forma rápida de ganhar bem (entre R$ 350 a R$ 800 por duas horas de trabalho) para suportar a possibilidade de uma ascensão social ou simplesmente por uma questão de consumismo, ou seja, para ter condições de frequentar lugares e adquirir produtos caros. Então, ela é de luxo não somente porque cobra caro, mas porque quer ter uma vida de luxo!”, explicou.
O autor da dissertação explica que existem outros aspectos no trabalho como práticas sexuais, os usos sociais do corpo, prazer e intimidade amorosa.
Nos próximos dias, o trabalho estará disponível no acervo da Biblioteca Central da UERN.