A aluna Jéssica Thaís Clementino Gurgel, do Campus de Patu da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), ganhou o Prêmio Paulo Freire, região Nordeste, e se credenciou a participar do X Encontro Nacional das Licenciaturas (Enalic) e IX Seminário Nacional do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), em Brasília, no mês de dezembro.
A estudante do 6º período do curso de Pedagogia foi premiada com o texto “Quem tem medo de travestir na escola? Reflexões sobre a presença de travestir nos espaços escolares”.
“O meu trabalho é uma síntese de debate que é muito urgente, as realidades de travestis nas escolas, desde dos desafios, potenciais e necessidades. Evidenciar o medo que o próprio modelo de escola tem ao corpo trans e travesti, que por si só, desconstrói o modelo hegemônico que a escola cria. Procuro refletir sobre a que ponto esse corpo de travesti ele é problematizado, de como ele enfrenta desafios, barreiras, mas a potencialidade que tem para se construir”, explica a discente.

No texto, a pesquisadora reflete sobre o que vivenciou na infância e como é o contexto escolar.
“É muito também das minhas problemáticas reflexivas quando eu estive na infância, e quando eu vou para uma escola de educação básica, e vejo isso: eu quando era pequena, essa falta de acolhimento das pessoas, de tentarem me entender, e não me ver só simplesmente como um dado. Mas não é sobre dados. É sobre a possibilidade de sonhar que outros corpos vão ocupar e que outras pessoas têm a possibilidade de estudar e ter acesso que é o mínimo, é a educação básica. Então, acho que se torna isso. Pra mim, é uma alegria grande pra que outras pessoas também possam ser possíveis seus sonhos e possibilidades”, reflete.
O resultado do Prêmio Paulo Freire, para Jéssica Thaís, é uma conquista não só individual, mas coletiva pelo apoio que recebeu dos(as) colegas de curso, professores(as) e da Uern Patu.
“Para nós, enquanto pesquisadores em educação, é muito gratificante ver que o seu trabalho está gerando frutos. Perceber que essas temáticas esquecidas pela educação é importante e é premiada. É uma grande alegria porque esse prêmio pode trazer possibilidades para que outras pessoas falem sobre mulher e gênero, diversidade
Para a professora Joseane Abílio, do Departamento de Educação da Uern Patu, a narrativa de uma travesti “proporciona reflexões importantes sobre a invisibilidade ou esquecimento por parte da escola dessas pessoas e ainda fala da exclusão delas desde muito cedo, descrendo uma escola que não foi e ainda não é pensada para estas pessoas. O texto, ao retratar as vivências da aluna, dá voz a outras tantas travestis que continuam sendo marginalizadas na sociedade, nas suas casas e nos espaços educativos”.