O professor Dr. Tobias Queiroz, do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern, é um dos pesquisadores que participam do Encontro sobre Comunicação, Raça e Interseccionalidades (CRI), promovido pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação, Raça e Gênero (Coragem), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pelo Laboratório de Identidades Digitais e Diversidade (LIDD), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O evento conta com a participação de pesquisadores de várias instituições do país que estudam questões relacionadas ao racismo, sexismo e formas de resistência decolonial em diversas áreas da comunicação, como publicidade, jornalismo e cinema. A programação, que foi aberta nesta terça-feira (27) e segue até o dia 30 de outubro, inclui discussões sobre o feminismo afrolatinoamericano, necropolítica e genocídio negro, a estética e política do afrofuturismo e as lutas das mulheres guarani-kaiowá. A transmissão é realizada pelo canal do evento no YouTube, sem necessidade de efetuar inscrição.
O professor Tobias Queiroz participa nesta quarta-feira (28), às 19h30, ao lado da Dra. Liv Sovik (UFRJ), do seminário que discute o tema “Branquitude, Raça e Comunicação”. “Nosso diálogo vai transitar em três temas: branquitude, raça e comunicação. A Liv Sovik é uma professora renomada, especialista em branquitude, ela vai apresentar esse tema dialogando com autoras negras. De minha parte, vou fazer um diálogo com a minha tese, onde dentro da epistemologia, não necessariamente abordando uma questão racial, eu detectei uma limitação epistemológica/teórica de alguns autores e também de reverberação de estudos no Brasil e fora do Brasil que não conseguiam atender às nossas peculiaridades. Estudei Mossoró, Caruaru e Garanhuns e assim, nosso estado da arte, de abordar determinados fenômenos urbanos, eles não atendiam peculiaridades inerentes a cidades medianas e interioranas do Brasil. Isso é um elemento sintomático para a gente repensar o fazer pesquisa na área da comunicação no Brasil”, explica Tobias.
Tobias Queiroz acrescenta que, embora esse evento tenha um ponto de partida geográfico entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a proposta é amplificar as vozes negras do campo da comunicação em busca de repensar a epistemologia dos debates e das pesquisas.
“O campo da Comunicação, e a universidade como um todo, se constituem num espaço de violência. Ela tem historicamente excluído grupos minorizados na sociedade e com a comunicação isso não é diferente. Se pegarmos outras áreas como Medicina, que é extremamente branca e elitista, que tem dificuldade em dialogar com a população negra periférica, a gente vai observar que dados estatísticos mostram o quanto isso é danoso para a sociedade, como por exemplo a violência obstétrica para mulheres negras. Pesquisas diagnosticaram que a quantidade de anestesia dada a mulheres negras na hora do parto é inferior a quantidade dada a mulheres brancas. Nosso objetivo neste evento é exatamente provocar este lugar da academia, para repensar uma sociedade mais inclusa e participativa, para que ela não fique reverberando apenas uma determinada perspectiva. Por essa lógica, a gente busca apresentar possibilidades de introduzir epistemologias que não sejam logocêntricas, para a gente repensar o campo da comunicação e repensar o campo das cidades”, complementa Tobias, acrescentando que o curso de Publicidade e Propaganda, ao lado de Medicina e Engenharia, é um dos cursos mais brancos do país.
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