Dados do Relatório Socioeconômico 2024 da Uern indicam que 54,5% de seus discentes se autodeclaram pardos e pretos
Hoje, 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, dando visibilidade à resistência e à cultura afro-brasileira, além de ser um marco para combater o racismo e a desigualdade racial no país.
Reafirmando seu compromisso com a diversidade e a equidade, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), aderiu ao sistema de cotas sociais desde 2002, através da criação da Lei Estadual nº 8.258, que foi adotada em seus processos seletivos para ingresso de estudantes nos cursos de graduação a partir de 2004.
Posteriormente, a Lei de Cotas Étnico-Raciais na Uern, Lei Nº 10.480, aprovada em 30 de janeiro de 2019, entrou em vigor em 2020 instituindo cotas para pretos, pardos e indígenas, dentro do já existente sistema de Cota Social da Universidade.
“A luta por uma educação pública de qualidade, inclusiva e que respeita a diversidade é uma das nossas prioridades. As ações afirmativas são fundamentais para fazer essa reparação histórica”, disse a reitora Cicília Maia, destacando a importância do combate às desigualdades históricas e ao racismo.
Dados do Relatório Socioeconômico 2024 da Uern indicam que 42,24% de seus discentes se autodeclara parda, enquanto 12,26% dos(as) discentes se identificam como pretos(as). Além desses grupos, a universidade também conta com estudantes indígenas (0,14%), quilombolas (0,12%) e ciganos(as) (0,04%), demonstrando a presença de grupos étnicos com representatividade historicamente menor no ensino superior.
A análise desses dados revela um panorama da diversidade racial presente na instituição e permite reflexões sobre os avanços e desafios na promoção da equidade no ambiente acadêmico. O predomínio de estudantes pardos(as) e pretos(as) na instituição evidencia a importância das políticas de cotas raciais na ampliação do acesso ao ensino superior para populações negras e indígenas.
O compromisso da Uern em garantir o acesso e a permanência desses estudantes na Universidade é uma constante, pois acredita-se que a educação é um direito básico de todo e qualquer cidadão e que, somente por meio dela, será possível promover transformações e uma sociedade mais justa. “Vemos uma Universidade com toda uma história de lutas e concretização dentro da pauta étnico-racial e da diversidade, fazendo jus ao seu lema de universidade inclusiva, includente e referenciada. E mais: étnico-afro-referenciada”, comentou a titular da Diretoria da Ações Afirmativas e Diversidade (Diaad/Uern), Eliane Anselmo.
O cacique geral dos Povos Indígenas do RN e Professor Honoris Causa da Uern, Luiz Katu, reconhece a importância de ações afirmativas nas universidades. “Debater sobre a questão das políticas públicas afirmativas dentro da Universidade é fundamental para sensibilizar e para ampliar o acesso a essas cotas para que essas universidades garantam, efetivamente, que mais indígenas, negros, pardos e quilombolas possam acessar o ensino superior”, disse Luiz Katu.
Programação especial em alusão ao Novembro Negro
Ao longo de todo o mês de novembro,a Uern realiza, em todos os seus campi, uma programação voltada à promoção do respeito às diferentes raças e culturas. As atividades, que são promovidas pela Diaad, buscam mobilizar a comunidade universitária e a sociedade em geral em prol de uma convivência cidadã e antirracista.
A programação é composta por rodas de conversa, palestras, oficinas, minicursos e exposições, contando com a parceria do Banco do Nordeste Cultural Mossoró, além da realização do Culto aos Orixás em todos os campi.
Hoje, dia da Consciência Negra, acontecerá a Louvação a Baobá, na praça do Teatro Municipal Dix-huit Rosado em Mossoró, às 17h.
A Universidade reforça que temas como o racismo estrutural, as desigualdades históricas e a resistência do povo negro ao longo dos séculos devem ser discutidos durante todo o ano. “O debate acerca da história da cultura do povo negro no Brasil tem que ser contínua, constante e permanente”, finalizou a titular da Diaad, Eliane Anselmo.
