Se as lágrimas, sorrisos, torcidas e momentos de superação exibidos durante os jogos olímpicos e paralímpicos realizados neste ano em Paris evidenciaram uma coisa foi a importância que o esporte pode ter na vida de atletas, familiares e de todos aqueles que nutrem uma paixão por qualquer modalidade esportiva.
Mas não é preciso viajar até outro continente para presenciar esse fato de perto. Na manhã deste sábado (21), o ginásio da Uern Mossoró foi palco de inúmeros momentos de alegria e desejo de dedicar-se a novas atividades.
Promovido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e sediado pela Uern, o Festival Paralímpico Loterias Caixa 2024 reuniu dezenas de crianças e adolescentes, com e sem deficiência, para uma manhã de experiências inclusivas e lúdicas através do esporte.
Uma das esportistas, Yasmim Letícia, de 15 anos, já se sentia familiarizada com as atividades. Participando de sua quarta edição do festival, Yasmim não escondia a alegria de participar de atividades como o vôlei sentado e, sobretudo, da bocha – modalidade em que atletas com paralisia cerebral lançam uma bola em direção a um alvo específico.
“A gente participou da primeira edição do festival, ela conheceu a bocha e se apaixonou. Ela começou a praticar, em casa mesmo, mas gostou tanto que começou a competir. A gente já foi pra Belém e Caruaru e agora em novembro vai participar esse ano das paralimpíadas escolares em São Paulo”, relata a mãe de Yasmim, Adriana Patrício.
Se para a jovem atleta a participação nas competições representou uma etapa significativa na vida, para a mãe não foi diferente. “Eu tinha receio antes de viajar, porque a gente nunca tinha saído de Mossoró, não sabia como ia ser”, comenta.
Mas logo na primeira competição, Adriana percebeu como valeu a pena permitir que o esporte fizesse parte da vida da filha, que até então não havia praticado nenhuma modalidade esportiva.
“É muito gratificante saber que ela achou o lugar dela em alguma coisa. A participação das crianças com deficiência é muito limitada na maioria das coisas, mas agora eu vejo a alegria dela, vejo que ela sente que pode participar disso. Isso vale muito a pena”, relata Adriana Patrício.
Sensação semelhante é a de Gevison Brazão, pai dos gêmeos Gabriel e Isaías, de 16 anos, que também participaram do festival. Ambos têm paralisia cerebral e são atletas do Centro de referência Paralímpica.
“Eles estão já há dois anos no projeto e têm se desenvolvido muito. É uma maneira também de fazer eles terem outras atividades fora de casa. Sem projetos desse tipo, as crianças com deficiência geralmente ficam na frente da televisão em casa, ou presos no celular o dia todo, e não têm nenhuma aprendizagem. Com o projeto não, eles têm a socialização, têm o convívio com outras crianças, então é muito importante o esporte e esses projetos na vida das crianças com deficiência”, comenta Gevison.
Durante a abertura do evento, a professora Cicília Maia, reitora da Uern, enfatizou a importância da participação da Uern como sede e apoiadora do evento, que foi realizado no Dia Nacional de luta de pessoas com deficiência.
“É uma oportunidade de fazer uma formação ainda mais de qualidade para os nossos estudantes que estão participando, e que estão acolhendo esses que são futuros estudantes da nossa Universidade. É uma oportunidade de a gente lembrar que esporte é vida e ter certeza que a nossa Universidade, com sua missão primeira de ser socialmente referenciada, inclusiva e includente, tem feito um trabalho bonito e muito significativo perante a sociedade”, frisou a reitora.
“A Uern é um centro formador, e pela característica dos nossos alunos, de estarem serem residentes nos interiores, isso é ainda mais importante, porque a formação que é dada aqui na Uern vai ser multiplicada, então mais crianças terão a oportunidade de trabalhar com o esporte”, acrescentou a professora Irany Knackfuss, coordenadora Institucional do Centro Paralímpico da Uern.
O Festival Paralímpico 2024 ocorreu em 120 localidades, espalhadas pelas 27 unidades federativas do país.