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Professor da Uern atuará em projeto que investiga ações de empresas durante a ditadura

O professor André Bonsanto, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Humanas (PPGCISH), foi selecionado para compor um grupo de aproximadamente 50 pesquisadores, de todo o País, que atuarão no projeto “A responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a ditadura”, o qual se propõe a investigar e detalhar as ações de companhias públicas e privadas que teriam colaborado com a repressão e a violação de direitos humanos durante o regime militar no Brasil, que perdurou de 1964 a 1985.

Iniciado neste mês de novembro, o projeto é desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e financiado a partir de uma indenização paga pela fabricante de automóveis Volkswagen, após investigações do Ministério Público Federal mostrarem que a empresa foi cúmplice da repressão exercida pelo regime militar.

Com o início do projeto, ao qual foram destinados R$ 2 milhões dos R$ 36,3 milhões pagos como indenização pela Volkswagen, os pesquisadores formaram grupos que irão investigar, ao longo dos próximos 18 meses, a atuação de dez empresas durante a ditadura.

André Bonsanto, que se debruçou sobre a relação entre a imprensa e o regime militar no seus cursos de mestrado e doutorado e foi analista de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade, integra o grupo que analisará as ações do jornal Folha de São Paulo.

A equipe é coordenada pela professora Ana Paula Goulart, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é composta por mais três pesquisadoras, provenientes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Além da Folha de São Paulo, serão investigadas, pelos outros grupos, empresas como a Petrobras, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a montadora Fiat.

“É uma pesquisa que não tem só caráter acadêmico, tem um caráter jurídico também. Nós vamos investigar indícios concretos que podem levar à responsabilização das empresas. Por isso o pioneirismo desse projeto”, destaca Bonsanto.

Além da análise de documentos que servirão como base para a pesquisa, o grupo também irá coletar testemunhos relacionados às suspeitas de envolvimento da Folha de São Paulo com o regime, a exemplo do possível fornecimento de veículos do jornal para a execução de ações como instalação de grampos telefônicos e emboscadas contra opositores.

Após a pesquisa, o grupo irá elaborar um relatório oficial com os resultados e estuda a criação de um documentário, a partir dos testemunhos e dados obtidos.

Conforme Bonsanto, o projeto representa uma oportunidade para a elucidação de acontecimentos ocorridos durante o regime militar e para a responsabilização de entidades que atuaram diretamente na violação de direitos humanos, assim como ocorreu, a partir de investigações semelhantes, em outros países.

“A Volkswagen foi a primeira empresa na história do Brasil que foi responsabilizada pela violação de direitos humanos na ditadura. Na Argentina, por exemplo, isso já está bem mais avançado. Há casos de dirigentes de empresas que foram condenados e há um relatório extenso sobre a relação entre as empresas e a ditadura lá. As nossas pesquisas têm esse trabalho como referência”, ilustra o pesquisador.

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