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Metade das pesquisas na UERN é coordenada por mulheres

Você sabe quem são Mileva Marić, Jocelyn Bell Burnell, Caroline Herschel, Rosalind Franklin e Virgínia Leone Bicud? Albert Einstein, Isaac Newton, Charles Darwin e Galileu Galilei? Embora elas não sejam tão (re)conhecidas por boa parte da população, as cinco mulheres prestaram grandes contribuições à Ciência, de forma semelhante aos famosos estudiosos acima. Isso mesmo, elas são cientistas, autoras de importantes descobertas para a humanidade.

A presença das mulheres na Ciência vem de longa data, ainda que não seja de forma tão expressiva ou reconhecida quanto a dos homens pesquisadores. Um simples exercício é capaz de provar isso: quando pensamos em inventores e cientistas quais nomes vêm a sua mente? Pode-se apostar que a maioria dos nomes pensados são de homens.

A despeito da Ciência ser considerada por muito tempo como um reduto masculino, a atuação feminina na área tem crescido, embora ainda esteja longe de chegar ao ideal. Estereótipos de gênero, preconceitos e falta de incentivo são algumas barreiras ainda a serem quebradas para uma mudança de cenário. Nessa caminhada, as universidades e agências de fomento têm se unido às pesquisadoras, estimulando-as e incentivando-as, de modo a colocar homens e mulheres em pé de igualdade na produção científica.

Na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), o cenário de participação de mulheres na produção do conhecimento científico é bastante equilibrado. “Hoje nós temos uma divisão praticamente meio a meio entre pesquisas coordenadas por homens e mulheres, com as mulheres assumindo a liderança em algumas áreas, como é o caso das bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação”, informa o assessor do Departamento de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPEG), Prof. Dr. Álvaro Marcos Pereira Lima.

Dos projetos aprovados na atual edição do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) – 2019/2020, 48,1% são coordenados por mulheres, e do PIBIC- EM (Ensino Médio), elas estão à frente de 44,4% dos projetos aprovados. Já no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), a proporção de projetos coordenados por mulheres aprovados na edição 2019/2020 é de 61,5%.

“As mulheres têm assumido cada vez mais posição de protagonismo em todas as áreas, e com a pesquisa na UERN não tem sido diferente. Esperamos que essa evolução permaneça e que nós tenhamos em todos os campus da Universidade essa distribuição de forma mais equilibrada”, declara Álvaro Lima.

Os números de projetos de pesquisas coordenados por mulheres são equivalentes ao percentual do quadro de docentes na Instituição. De acordo com a pró-reitora de Gestão de Pessoas, Jéssica Figueiredo, elas compõem 46,5% do quadro de professores efetivos da UERN, além disso, a Universidade conta ainda 75 professoras temporárias.

Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Prof. Dr. Rodolfo Lopes Cavalcanti, os números atuais refletem o elevado potencial das pesquisadoras da Instituição. “A cada ano, o número de mulheres que atuam em pesquisa só aumenta. Isso ratifica a condição da UERN enquanto instituição socialmente referenciada e que busca constantemente a preservação e ampliação da igualdade de direitos”, finaliza.

Os desafios e avanços da inserção feminina na pesquisa
“O empoderamento das mulheres através da ciência, pesquisa e inovação é imprescindível para diminuirmos as desigualdades sociais, econômicas e de gênero”, avalia a pesquisadora Cicília Raquel Maia Leite. Formada pela primeira turma de Ciência da Computação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Cicília Maia desafiou a visão preconceituosa da época sobre presença de mulheres em área de ciência e tecnologia, tida como ambiente exclusivamente masculino.

Desde que ingressou no curso, muita coisa mudou, embora haja muito chão pela frente. “Apesar do avanço das mulheres em várias áreas, nas ciências mais ‘hard’, como a Ciência da Computação e Matemática, ainda há uma presença muito grande do sexo masculino”, observa a pesquisadora.

A inserção feminina na pesquisa é um desafio, que cada vez mais mulheres têm ousado enfrentar. A pesquisadora Raqueline Varela de Souza, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Humanas da UERN (PPGCISH), está dando os seus primeiros passos na produção de conhecimento científico, e sabe da importância que o ato representa para seus pares.

“Durante muito tempo, as mulheres tiveram seus espaços definidos por homens. O que nos deu uma ideia que pesquisa não era lugar para mulher. Mas que bom que nós enquanto mulheres estamos reivindicando nossos lugares na Ciência, no mercado e na política”, declara Raqueline Varela.

A Profª. Drª. Maria Lúcia de Lira, do Campus de Pau dos Ferros, também contrariou os estereótipos e galgou o seu lugar enquanto pesquisadora. “Quando criança, reclamava muito por ser menina e pela diferença no tratamento com os meninos. Quando adolescente, também me achava desfavorecida. Hoje (o meu tempo e o tempo da sociedade) fazem eu me ver de outra forma. Como nós insistimos incansavelmente em sair da subordinação e nos apresentamos cada vez mais donas de nossas histórias”, afirma.

E cada vez mais as mulheres estão ocupando os espaços que também são seus por direito. Em todas as áreas. Mulheres que sabem da sua capacidade, como Cicília Maia, que há 20 anos decidiu ingressar em uma área tida como masculina e hoje possui o título de pós-doutora pelo Massachusetts Institute of Technology – (MIT), um dos principais centros de estudo e pesquisa em ciências, engenharia e tecnologia do mundo. Inclusive, ela foi a primeira docente com título de pós-doutorado do Departamento de Informática da UERN.

“Como mulheres, somos cientes da nossa capacidade de transformar os ambientes em que vivemos com muita disciplina, trabalho, dedicação, e de inspirar meninas dentro das escolas e das universidades. Os desafios sempre existirão para nós educadores/pesquisadores e serão nossa força para chegar cada vez mais longe”, declara Cicília Maia.

Mas, afinal, quem são as cientistas citadas no início?
Mileva Marić
A primeira esposa de Albert Einstein. Pesquisadores afirmam que Marić havia contribuído para os trabalhos do marido sobre a teoria da relatividade. Nas correspondências, o cientista se refere às pesquisas como “nosso trabalho” e “nossa teoria”.

Jocelyn Bell Burnell
Astrônoma descobriu o primeiro Pulsar, estrela de nêutrons que transforma energia rotacional em energia eletromagnética. A descoberta revolucionou a astronomia, tendo sido utilizada inclusive para testar a teoria da relatividade. Em 1974, Burnell venceu o prêmio Nobel de Física, mas seu nome nem sequer foi mencionado — os homenageados foram Antony Hewish, orientador dela, e Martin Ryle, que a ajudou a desenvolver o telescópio usado na descoberta. Em 2018, a astrofísica foi premiada com o Breakthrough de Física.

Caroline Herschel
Foi a primeira mulher astrônoma profissional e uma das primeiras a receber por seu trabalho científico. Ao longo da carreira, descobriu dezenas de cometas e catalogou 2,5 mil nebulosas e aglomerados de estrelas.

Rosalind Franklin
Foi uma química britânica que contribuiu para o entendimento das estruturas moleculares do DNA, RNA, vírus, carvão mineral e grafite.

Virgínia Leone Bicud
Neta de uma escrava alforriada, ela foi uma das figuras mais importantes na instituição da psicanálise no Brasil.

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