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Curso de Ciência e Tecnologia do Campus de Natal cria bioadsorvente que será usado em escala industrial

Um projeto de pesquisa desenvolvido no curso de Ciência e Tecnologia do Campus de Natal da UERN criou um bioadsorvente capaz de melhorar a qualidade do óleo de cozinha reciclado.

A linha de pesquisa foi coordenada pela professora Lília Basílio, doutora em Química, que em contato com uma empresa de reciclagem de óleo residual de fritura, com sede em Macaíba, na Grande Natal, a Indama, foi informada da necessidade de baixar a acidez do óleo reciclado para melhorar a qualidade do produto da reciclagem.

A professora então montou o projeto de pesquisa que pretendia criar e desenvolver uma estratégia química, usando fontes naturais, como resíduos agrícolas, para obter e produzir adsorventes capazes de tratar o óleo residual.

No segundo semestre de 2017, com a linha de pesquisa traçada e parceria firmada com a indústria de reciclagem que iria fornecer as amostras necessárias para a pesquisa científica, a docente submeteu o projeto “Estratégias de purificação de óleo e gordura residual para produção sustentável de biodiesel” ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) na UERN e foi contemplada com uma bolsa, para a qual convidou a então aluna do curso Thalita Queiroz e Silva, para desenvolver a pesquisa.

As pesquisadoras desenvolveram, através de processos químicos, um bioadsorvente a partir de cascas de frutas típicas da região, como banana, abacaxi, coco verde e cana de açúcar, materiais de baixo custo e abundantes no RN.

O trabalho obteve resultados excelentes, chegando a zerar a acidez do óleo reciclado, que era bem acima do recomendado, nas amostras fornecidas pela indústria.

O resultado foi tão animador que a empresa, que trabalha com reciclagem mecânica, decidiu investir na montagem de um laboratório próprio, para desenvolver métodos químicos e aplicar o bioadsorvente em escala industrial. A Indama contratou a estagiária da linha de pesquisa que desenvolveu o trabalho junto com a professora, hoje graduada em Ciência e Tecnologia pela UERN.

“Universidade e indústria estão separadas por teoria e prática. Foi a parceria com a empresa que norteou o objetivo da pesquisa a melhorar a qualidade do óleo reciclado pela redução da acidez”, comentou Mauro Pinto, gerente da empresa parceira do projeto de pesquisa.

A Indama é uma indústria que atua, desde 1997, com a reciclagem de subprodutos de origem animal e vegetal, osso e sebo, recolhidos de frigoríficos, matadouros e mercados locais nos estados do Maranhão e Rio Grande do Norte. Desde 2002, começou a trabalhar com óleo de fritura, coletados de restaurantes, lanchonetes, redes de fastfood, supermercados, entre outros estabelecimentos comerciais.

A reciclagem do óleo de fritura consiste em retirar do óleo residual as impurezas decorrentes do processo de fritura e resíduos de alimentos e água.  O óleo reciclado é destinado para indústrias de sabão, biodiesel e rações animais.

A Indama chega a recolher 80 mil litros de óleo de fritura mensalmente. O montante é considerado pouco, visto que as projeções é que, em média, cada pessoa produza meio litro de resíduo de óleo por mês. Nessa proporção, considerando uma população de 1,5 milhão na Grande Natal, o total seria de 750 mil litros.

A Indama não é a única, mas é a maior indústria desse tipo de reciclagem na região metropolitana da capital potiguar. Somando com a coleta das menores, Mauro Pinto calcula que são coletados apenas 100 mil litros, aproximadamente. Não existe coleta doméstica. O resíduo do óleo de cozinha que não é reciclado é descartado em fossas e esgotos, com risco de contaminação do lençol freático e do mar.

Estabelecimentos comerciais são obrigados pela Lei da Logística Reversa a entregar o óleo residual de fritura para reciclagem, o que é fiscalizado pela Anvisa.

Atualmente, o biodiesel, cujo um dos componentes é o óleo purificado, compõe 10% do diesel que abastece veículos. O objetivo de pesquisas como essa é aumentar essa porcentagem, o que proporcionará menos emissões de gases, menor custo do combustível e menos consumo de reservas não renováveis.

“A parceria entre a Universidade e a empresa já apontou a próxima linha de pesquisa, que será para tratar da pigmentação do óleo e do sebo reciclado. A pesquisa científica de Ciência e Tecnologia do Campus da UERN em Natal, além de resolver problemas da indústria, também tem o potencial de abrir o mercado para os formandos do curso”, comemora a professora, diante de uma egressa empregada.

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