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*Texto em colaboração com Vitória Araújo, estagiária de jornalismo

Seja nas salas de aulas, nos laboratórios, nas pesquisas, nas ações de extensão ou ocupando cargos de chefia, as mulheres na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) desempenham importante papel na missão transformadora da Instituição. A luta pela equidade de gênero é um compromisso da Uern (ratificado por ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS), da Agenda 2030), que vem desenvolvendo iniciativas que incentivem a igualdade e o protagonismo feminino dentro e fora da Universidade.

Com vistas a contribuir com ações de cuidado e valorização das mulheres, a Uern, em todos os seis Campi, promove dezenas de projetos de pesquisa e extensão voltados para atender demandas femininas nas mais diferentes áreas. São ações de cuidado de saúde, orientações jurídicas, prevenção à violência incentivo à cultura e educação, entre outras. 

A reitora Cicília Maia destaca que é papel de todos e, em especial da Universidade, lutar por uma sociedade transformadora, com maior inclusão e igualdade entre os gêneros. “Precisamos fortalecer a ideia de que o lugar da mulher é onde ela quiser. Desejo que, em um futuro próximo, a gente esteja celebrando conquistas cada vez mais significativas, em especial no que se trata de igualdade de gênero e combate à violência contra a mulher. Que a gente possa ser livre da forma como quisermos”, destacou a reitora.

Um dos projetos de grande alcance social é o Mãe Primavera, da Faculdade de Ciências da Saúde (Facs), que promove ações de orientação, atenção e cuidado às adolescentes grávidas. O projeto está inserido no Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia. Uma parceria da Uern e a Prefeitura Municipal de Mossoró. 

O projeto atende jovens gestantes entre 12 e 19 anos. Além do atendimento multiprofissional, as adolescentes também recebem o acompanhamento após o parto, com planejamento familiar, teste do olhinho para os bebês, pediatria, entre outros. O projeto também conta com uma brinquedoteca, direcionada aos filhos das pacientes. 

A gravidez na adolescência, por muitas das vezes, interrompe o ciclo educacional, dificultando a inserção das jovens mães no mercado de trabalho. Ademais, uma gravidez precoce aumenta os riscos de saúde para mãe e bebê. Nesse sentido, o intuito do projeto é promover um pré-natal de qualidade, sanando as dúvidas, os anseios que possam permear o período gestacional. 

Ainda na área da saúde, a Uern promove o projeto “Amor que Cabe no Peito”, voltado ao incentivo de doação do leite materno. A iniciativa desenvolvida em parceria entre a Faculdade de Enfermagem (Faen) e o Hospital da Mulher, coordenada por Hosana Mirelle, diretora de gestão acadêmica da unidade hospitalar. 

Com o intuito de ofertar uma assistência humanizada, o projeto incentiva à doação do leite materno ao mesmo tempo que oferece um acompanhamento às mulheres gestantes e puérperas. “Também fazemos a consulta do bebê, o acompanhamento domiciliar e auxilia a mulher em caso de alguma necessidade do apoio à amamentação”, revela Hosana. 

“Nós temos como objetivo ofertar uma assistência humanizada de qualidade tanto para gestante quanto para as mulheres que tiveram bebês. Além disso, o projeto visa formar profissionais e estudantes para trabalhar de forma humanizada”, declara a diretora. 

AÇÕES SOCIAIS

Na área social, o projeto de extensão Socializando o Direito, coordenado pela Profa. Dra. Denise Vasconcelos, leva às escolas públicas da cidade de Mossoró a discussão de temas sobre o direito, cidadania, educação e participação social. Atualmente conta com cinco linhas de atuação, entre elas “Direitos Humanos das mulheres, gênero e educação jurídica”, orientado pela vice -coordenadora do projeto, Profa. Dr. Fernanda Abreu.

A proposta é levar às estudantes de escola pública, informações e materiais sobre as temáticas envolvendo o direito das mulheres, como, por exemplo, histórias de mulheres pioneiras, informações sobre a lei Maria da Penha, entre outros. “Também realizamos palestras sobre temas relevantes, como o combate à violência doméstica e familiar, como identificar os diferentes tipos de violências, questões de assédio, entre outras questões de relevância sobre os direitos”, informa Fernanda. 

Para a egressa do curso de Direito da Uern, Kaline Mafra, que participou do projeto logo que ingressou na faculdade, o projeto lhe auxiliou a se posicionar e compartilhar os conhecimentos com outras pessoas, através de palestras, ações sociais e pelas plataformas digitais. “O Socializando me beneficiou de várias maneiras e me abriu muitas portas. Minha afinidade com o assunto foi tão grande que acabei escrevendo meu trabalho de conclusão de curso relacionado ao direito das mulheres”, frisou ela.

Fernanda Abreu destaca que a iniciativa beneficia tanto estudantes universitários envolvidos quanto as estudantes das escolas públicas. “É excepcional, inspirador e instrutivo, nos permite dar atenção a questões muitas vezes invisibilizadas pela sociedade, mas que são cruciais para o desenvolvimento de todas nós” relata. 

Também na questão social, a Uern desenvolve relevante trabalho nas ações de orientação e prevenção à violência contra a mulher, através do Núcleo de Estudos sobre a Mulher “Simone de Beauvoir” (Nem). Vinculado à Faculdade de Serviço Social (Fasso), o Núcleo oferece um espaço permanente de execuções de ações extensionistas nas áreas dos direitos das mulheres e LGBTQIA+, bem como das lutas sociais e dos direitos humanos.

Um dos principais objetivos do núcleo é estimular a realização de estudos e pesquisas sobre a questão das mulheres, feminismos e relações patriarcais de gênero, além de desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre o tema por meio de cursos, lives, minicursos, seminários, oficinas e debates.

“É fortalecedor me encontrar com outras mulheres e poder contribuir com a formação de consciências feministas, em prol da luta contra desigualdade e em favor dos nossos direitos”, frisou professora Mirla Cisne, da Fasso.

O Núcleo reúne a comunidade acadêmica e externa, além de redes de enfrentamento à violência contra a mulher, grupos da sociedade civil e de entidades estatais que desenvolvem ações de trabalho, pesquisa e militância na área. A estudante de Serviço Social Vitória Camila, estagiária do Núcleo, comenta que a experiência de estagiar na ação a aproximaram do feminismo e lhe mostraram a importância do movimento na vida das mulheres. “Existir é uma luta diária para nós, mas é uma luta que vale a pena” frisou.

PROJETOS EM TODOS OS CAMPI

Nos campi de Assú, Caicó e Natal, os projetos envolve ações voltadas para a educação, cultura e o pensar o papel da mulher na sociedade atual. Entre os projetos desenvolvidos vale destacar as seguintes iniciativas:

–  “Relações de Gênero e Sexualidade na Educação”, coordenado pela Profa. Dra. Daiane de Oliveira, que promove a discussão sobre questões de gênero e igualdade, na Uern Assú.

– O projeto “Estudos sobre as Filósofas Mulheres e o epistemicídio dos conhecimentos”, do Laboratório de Filosofia e Extensão, que proporciona uma discussão filosófica sobre o papel da mulher na sociedade, em Caicó.

– O Projeto de Ensino: Cinema e feminismos: uma interpretação ético-política das relações de gênero, coordenado pela Profa. Maria José Vida, que através da arte provoca uma discussão acerca dos direitos das mulheres e questões sobre relações de gênero.

Na Uern Pau dos Ferros destacam-se os projetos voltados para a área da saúde, como por exemplo o projeto “Mãe Conectada: Educação em Saúde na Gravidez, Parto e Puerpério”, da Profa. Me. Giselle dos Santos Costa Oliveira, que orienta sobre cuidados no período da gravidez; e o projeto de “Assistência de Enfermagem às Mulheres Vítimas de Violência Sexual em Hospital de Referência do Rio Grande do Norte”, da Profa. Francisca Adriana Barreto, que busca debater ações para otimizar o atendimento na unidade hospitalar. Já a Uern Patu, dispõe do projeto “Ciranda Cirandinha”, coordenado pela Profa. Dra. Cláudia Tomé, que oferece um espaço de cuidado e acolhimento para crianças filhas de estudantes mulheres, possibilitando um espaço de democratização de acesso e permanência ao ensino superior. 

Para conhecer a relação dos projetos desenvolvidos pela Uern, em seis campi, voltados para mulheres, basta acessar a Plataforma Uern por Elas

OUVIDORIA 

Dentro do processo de descentralização da gestão, para dar mais autonomia aos campi da Uern, a instalação de uma ouvidoria em cada campus tem garantido escuta qualificada e o acolhimento mais ágil das manifestações da comunidade acadêmica.

A ouvidoria da Uern foi criada em 2008 e implantada em 2013. Em linhas gerais, o órgão de escuta têm a missão de receber, registrar e dar encaminhamento às demandas (reclamações, denúncias, sugestões, consultas e/ou elogios) provenientes dos usuários do respectivo serviço. Além disso, a ouvidoria participa ativamente de campanhas de orientação, como a prevenção ao assédio e iniciativas sociais da Instituição. 

Desde outubro de 2022, cada campus da Uern tem uma ouvidoria. E todas elas são comandadas por mulheres. Segundo a Ouvidora Séphora Edite Nogueira,  a escolha por mulheres para as ouvidorias descentralizadas foi para facilitar o processo de comunicação de possíveis episódios de assédios moral ou sexual, que na maioria absoluta têm elas como vítimas. “Nesses casos, o papel das ouvidoras é escutar, sem revitimizar, e a partir disso formar entendimento se há elemento para seguimento da denúncia”, detalha.

PROTAGONISMO FEMININO

Atualmente as mulheres são maioria entre os estudantes nos cursos de graduação e correspondem a 57% dos 9.678 estudantes matriculados. Com relação aos servidores, o quantitativo de mulheres corresponde quase a metade do quadro funcional da Instituição. Hoje 350 dos técnicos administrativos são mulheres, e o número de mulheres docentes corresponde a um total de 352. 

Dos cargos de chefia, as mulheres também são maioria e correspondem a 50,9% do total de cargos de liderança dentro da instituição. Considerando somente as pró-reitorias, as mulheres são titulares em seis das sete pró-reitorias que compõem a Universidade, ou seja, 85,7%. Inclusive, hoje, o cargo maior da instituição, a reitoria, é ocupado por uma mulher. 

Cicília Maia é a terceira mulher aleita para exercer a função mais alta na hierarquia da Instituição. Antes dela vieram as reitoras Maria Gomes de Oliveira (janeiro de 1973 a janeiro de 1977) e Maria das Neves Gurgel de Oliveira Castro (setembro de 1993 a setembro de 1997). 

Além delas, a professora Fátima Raquel ocupou o cargo como reitora em exercício, no período de 1º de outubro de 2020 a 28 de setembro de 2021. Antes disso, a enfermeira com formação na própria Uern havia assumido temporariamente o cargo de reitora, e conduziu a Uern em um dos momentos mais delicados da história recente: a pandemia de Covid 19. 

As mulheres têm se destacado em ações de ensino, pesquisa e extensão. Elas vêm ocupando espaços na graduação, à frente de projetos de pesquisas, na direção de Programas de Pós-graduação, em ações de extensão. Em todos lugares na Universidade, as mulheres vêm galgando o seu lugar de direito e deixando a sua marca de qualidade.

 


 

Maria Gomes de Oliveira, natural de Apodi, nascida a 30 de novembro de 1926, primeira mulher que, através de sua competência, venceu barreiras que a sociedade lhe impõe e culminou com o mérito de ser a primeira mulher reitora de uma universidade pública, a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte.

 


 

SELO ODS

A política de equidade de gênero implementada na gestão universitária rendeu à reitora Cicília Maia, por duas vezes, o selo ODS. Em 2023, a Uern recebeu a comenda pela política de equidade de gênero na gestão. Neste ano, a Universidade foi novamente contemplada com o selo, e entre os 28 agraciados, nove tratam de ações voltadas para o ODS 5, que trata do tema em questão. 

Para a  reitora Cicília Maia, a comenda representa um reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Universidade a favor da igualdade de gênero. “Enquanto Universidade, temos o compromisso de levantar essa bandeira de luta por todas as formas de igualdade, e propiciar que mais mulheres ocupem cada vez mais espaços de gestão, nas funções que desejarem”, declara.

Projetos contemplados com ações de equidade de gênero: