Nos últimos anos a ciência brasileira vive um intenso debate acadêmico-social face aos recorrentes cortes orçamentários impostos, principalmente, a partir dos anos de 2014. Tal panorama preocupa a comunidade cientifica nacional e internacional, visto que o Brasil vinha a partir dos anos 2000, em curva ascendente, em relação aos investimentos na formação, produção e divulgação de conhecimento nas diferentes áreas. A política de austeridade impõe dificuldades aos pesquisadores, aos programas de pós-graduação, as universidades e institutos de pesquisa e a manutenção da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) (GUIMARÃES et al, 2019; VIEIRA-DA-SILVA, SILVA, ESPIRIDIÃO, 2017; ERDMANN, 2008; GUIMARÃES, 2004 CHAIMOVICH, 2000).
Ao traçar a política de pesquisa do Curso, se faz necessário considerar o contexto político, econômico, ideológico que orientam os caminhos a serem percorridos em relação a produção de CTI, considerando os desafios e prioridades do campo das ciências da saúde, em especial, da ciência da enfermagem (GUIMARÃES et al, 2019; ERDMANN, 2008).
O PPC de Enfermagem CAPF/UERN contempla atividades diversificadas que visam introduzir o estudante no processo de trabalho investigar do enfermeiro, tais como: a) Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); b) Participação em Projetos de Pesquisa Institucionalizados; c) Participação em Projetos de Iniciação Científica (PIBIC); d) Participação em Grupos de Pesquisas (GIPESS e GRUPESCES); e) Incentivo à publicação e divulgação científica.
Essas atividades, bem como a integralização dos componentes curriculares específicos ao processo investigar, possibilitam o ensino dos conteúdos necessários para fomentar a produção de conhecimento em saúde/enfermagem, fundamentais para a formação da mentalidade científica no estudante de enfermagem.
A Política de Pesquisa do CEN/CAPF/UERN, compreende a pesquisa como processo de produção de conhecimento científico, tecnologia e inovação, com reflexo na produção dos serviços de saúde/enfermagem. Desse modo, desafios são colocados para os atores envolvidos com o ensino, no sentido de conformar o processo investigar, como parte indissociável do processo de trabalho do enfermeiro (EGRY, 2017; PAIM et al, 2010).
O ato de pesquisar, portanto, promove a disseminação da produção científica na saúde e na enfermagem, no âmbito nacional e regional, com interlocução internacional. Durante a formação do enfermeiro, as atividades pedagógicas ligadas ao ensino, à pesquisa e à extensão possibilitam o desenvolvimento da mentalidade investigativa no estudante, esta alimentada pela curiosidade e responsabilidade com o estudo e a produção de novos saberes/fazeres, elementos constituintes das bases filosóficas, teóricas, epistemológicas e práticas da educação e do trabalho em saúde/enfermagem (EGRY, 2017; PAIM et al, 2010).
Em se tratando da pesquisa, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Enfermagem (DCNs), tem a investigação como eixo norteador da produção de enfermeiros comprometidos com um novo pensar/fazer da saúde/enfermagem. E, em vários momentos, refere-se ao processo de produção de conhecimento como espaço que busca fortalecer a articulação da teoria-prática, valorizando a pesquisa individual na perspectiva de integração do ensino, pesquisa e extensão. Coloca como exigência a elaboração de um trabalho de conclusão de curso sob a orientação docente (BRASIL, 2001).
Desse modo, a pesquisa ensinada/aprendida na graduação é parte inerente do desafio nacional de transformar as DCNs em projetos pedagógicos de formação, que tenham a investigação como eixo norteador (BRASIL, 2001).
A pesquisa é concebida como processo de produção do conhecimento, tecnologia e inovação necessários para a elaboração dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Enfermagem, com reflexo na produção dos serviços de saúde. Neste processo, desafios são colocados para serem superados, no sentido de conformar a investigação, ou seja, o processo investigar, como parte indissociável do processo de trabalho do enfermeiro (ERDMANN, 2008; SANNA, 2007).
É com este horizonte que o CEN/CAPF, através de um processo pedagógico coletivo de construção de conhecimento, vem procurando responder às questões que são desafios para a enfermagem brasileira:
a) Como consolidar o processo investigar na formação do enfermeiro ainda na graduação?
b) Qual conhecimento é imprescindível na pesquisa para dar sustentação ao projeto pedagógico do curso e que podem ser trabalhados pelos alunos/professores durante a formação?
c) Como conformar e consolidar as linhas de pesquisa, tendo como eixo as necessidades da produção de conhecimento na saúde/enfermagem, para a qualificação dos serviços de saúde/enfermagem e dos processos ensinar/aprender do enfermeiro?
d) Como desenvolver no aluno a postura de questionador, de curioso, de pesquisador, na busca de novos conhecimentos para resoluções de problemas relativos ao processo de trabalho do enfermeiro e dos serviços de saúde?
e) Como tornar prazeroso e desafiador o processo investigar?
f) Como desenvolver a concepção de que a pesquisa não se constitui apenas em técnicas e métodos de elaboração de trabalhos de conclusão de curso, mas num espaço criativo, de autonomia sobre o aprendizado e a produção de conhecimento?
g) Como transformar professor em pesquisador e pesquisador em professor?
h) Como desenvolver, no aluno, a preocupação/responsabilidade com a produção de conhecimentos, tecnologias e inovação em saúde/enfermagem, a fim de construir a autonomia intelectual em fase de iniciação científica?
Egry (2018; 2017; 1996) e Erdmann (2008) colocam que os enfrentamentos dos desafios da produção do conhecimento, consequentemente, impactam na qualificação das práticas do trabalho da saúde/enfermagem. Assim, é necessário que precocemente os estudantes sejam inseridos no mundo da filosofia, da ciência e da pesquisa. Ao adentrar neste mundo, o processo investigar será desmistificado, visto que o aprendizado ocorrerá naturalmente via processo pedagógico.
Ensinar a pesquisar, portanto, promoverá a disseminação da produção científica na saúde e na enfermagem, tanto no âmbito nacional, quanto na interlocução internacional. De modo que, durante a formação em enfermagem, as atividades universitárias ligadas ao ensino, à pesquisa e a extensão possibilitam o desenvolvimento da mentalidade investigativa no estudante, esta alimentada pela curiosidade e pela responsabilidade com o estudo e a produção de novos saberes/fazeres, elementos constituintes das bases filosóficas, teóricas, epistemológicas e práticas da Educação e do Trabalho em Saúde/Enfermagem (PAIM et al, 2010).
O processo investigar é parte inerente do processo de trabalho da enfermagem e ultrapassa a mera reprodução dos conhecimentos adquiridos ainda na Universidade. Esse processo é articulado com os demais processos (assistir/intervir, gerenciar, ensinar/aprender), e sua incorporação na prática rompe com a concepção fragmentada entre o pensar e o fazer da enfermagem e da sociedade (PAIM et al, 2010; SANNA, 2007; BRASIL, 2001).
Carvalho (2012) coloca que a pesquisa não é possível sem considerar as aspirações e desejos urgentes em aprender sobre a realidade para intervir na resolução dos problemas encontrados. Para que o processo investigar se materialize necessita-se que a formação em enfermagem, dê uma maior atenção para os princípios fundamentais da ciência: o controle prático da natureza; a sistemática objetiva; e o método de pesquisa. De modo que, um novo espírito científico, que contemple novas interações do saber, possa ser ensinado/aprendido pelo estudante de enfermagem.
O CEN/CAPF/UERN compreende o processo investigar como inerente ao trabalho do enfermeiro, articulado aos demais processos de trabalho, ultrapassando a reprodução do conhecimento transmitido na Universidade. Esta se constitui num espaço privilegiado de produção da força de trabalho, de produção e socialização de conhecimentos. Assim, no processo formativo, busca-se a discussão crítica do avanço tecnológico e da ciência frente os dilemas bioéticos da realidade social, bem como, a incorporação de atitudes éticas no desenvolvimento de pesquisa (CARVALHO, 2012; ERDMANN, 2008; SANNA, 2007).
Com a existência de sistemas de avaliação ética, através do Sistema CONEP/CEP, as pesquisas desenvolvidas seguem regulamentações nacionais e internacionais que versam sobre as atitudes dos pesquisadores ao desenvolver estudos, diretos ou indiretos, com seres humanos. Esta premissa existe no meio universitário, ou seja, uma cultura de produção de conhecimento articulada com a realidade, buscando garantir os direitos éticos dos sujeitos de pesquisa, que por consequência, respalda-se nas necessidades sociais e científicas. Esse desafio aponta para necessidade de construirmos uma nova postura ética em relação ao processo de produção científica, entendendo que a pesquisa faz parte da noção de vida em qualquer tempo e em qualquer lugar (REGO, PALACIOS e SIQUEIRA-BATISTA, 2009).
A investigação é um processo de criação de outros, por elaborações próprias, que com o tempo vão emergindo condições próprias e mais profundas, construídas na história de vida, em processo de infindável conquista (DEMO, 2009).
A ciência é o conhecimento produzido pela investigação e reflexão na Universidade, que por sua missão tem que ter a responsabilidade de ensinar e produzir ciência. A graduação tem que assumir o desafio de trabalhar ideias, concepções, mentalidades e visões de mundo, que interiorizamos pelo processo de socialização e da educação. Esse desafio implica vivenciar o choque e o conflito, nas relações estabelecidas na Universidade, onde está presente o senso comum, a compreensão religiosa do mundo e da vida e crenças, na maioria das vezes, infundadas (SOUSA FILHO, 2000).
A desmitificação mais fundamental do conceito de pesquisa está na crítica entre a separação artificial entre o ensino e a pesquisa. Essa cisão evolui para a dicotomia teoria-prática e possibilita que o pesquisador descubra, pense, sistematize, conheça, cabendo a outros assumirem a intervenção na realidade. Esse distanciamento é útil e possibilita gerar neutralidade farsante, comodista e elitista (SOUSA FILHO, 2000).
O conhecimento, em vez de produzir certezas, é decisivamente estratégia dessa desconstrução. Se existe alguma coisa permanente em ciência, esta é a provisoriedade dos resultados ou a perenidade do questionamento. Entender essa provisoriedade é compreender que a Universidade tem a responsabilidade de ir além da aparência. Ir além da aparência não significa demolir crenças/valores. E sim, colocá-los num patamar de reflexão que, no mínimo, consiga desvelar que existem outras formas de pensar (SOUSA FILHO, 2000).
O Curso de Enfermagem CAPF/UERN, considerando a sua política de pesquisa, apresenta as seguintes linhas de pesquisa: L1) Práticas e Políticas em Saúde e Enfermagem e (L2) Sociedade, Educação em Saúde e em Enfermagem.
Para tanto, olhando para o nosso horizonte e buscando responder as nossas dúvidas e inquietações, o CEN/CAPF vem realizando movimento coletivo para consolidar a política de pesquisa, através de:
1) Debate constante sobre ciência e metodologia de pesquisa para orientar a construção permanente do projeto pedagógico do curso, através das atividades do Núcleo Docente Estruturante (NDE), tendo a investigação como eixo norteador do processo de trabalho do enfermeiro, portanto, da formação;
2) Integração da pesquisa ao ensino, proporcionando a iniciação científica na formação do aluno, através dos componentes curriculares ofertados;
3) Consolidação do trabalho de conclusão do curso (TCC), que consiste na elaboração e apresentação da monografia, sob orientação docente, a síntese da formação.
4) Incentivo aos docentes para participar dos editais permanentes de projetos de pesquisas institucionalizados e de projetos de iniciação cientifica (PIBIC);
5) Efetivação do Plano de Capacitação Docente e de Capacitação Pedagógica para docentes e técnicos-administrativos.
6) Articulação dos conhecimentos adquiridos nas atividades de pesquisa-ensino-extensão durante todo o processo de formação;
7) Apoio aos Grupos de Pesquisa do curso, por compreendemos que estes possuem relevância e articulação com a política de pesquisa, uma vez que desenvolvem estudos que vem fortalecer e contribuir com a transformação da realidade de saúde de Pau dos Ferros e região, de modo a responder às necessidades e problemáticas sociais percebidas pelos discentes, identificadas e/ou referenciadas pela população, pela força de trabalho em saúde, pelos gestores e ou sociedade.